O sonho de vida de Adriano Buzaid era ser piloto. Aos 17 anos, ele deixou o Brasil em direção ao Reino Unido para se juntar à Fórmula Ford, onde começou sua carreira. Por lá, passou pela Fórmula Renault e chegou à Fórmula 3 em menos de cinco anos. Buzaid então decidiu abandonar seu sonho por falta de verba para atingir o nível mais alto, a tão disputada Fórmula 1. Desde então, o empresário vem chegando ao topo por outros meios. Aos 35 anos, ele voa com a Gohobby, importadora de drones que fundou logo após voltar para o Brasil, em 2011.
“Na época que morei na Inglaterra, eu pilotava aviões e helicópteros de controle remoto, buscando aprimorar minhas habilidades com as mãos para me tornar um piloto melhor”, afirma Buzaid. “Quando voltei para o Brasil, pensei em transformar esse hobby em um negócio, mas ao pesquisar sobre o mercado, passei a conhecer mais sobre os drones, que ainda eram bastante novos no mercado mundial e decidi focar nisso.”
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A empresa, que faturou perto de R$ 100 milhões em 2023, começou pequena. O empresário vendeu seu carro e até alguns itens pessoais para reunir US$ 50 mil e começar a companhia.
A primeira importação trouxe 700 drones. Os primeiros compradores foram curiosos que queriam entender mais sobre a novidade. “Nosso maior desafio no começo foi explicar o que era um drone”, diz Buzaid. “Quando começamos não havia clientes.”
O desafio seguinte foi criar uma rotina de compra e aumentar esse portfólio de usuários, já que ele estava sempre comprometido com contratos gigantes feitos com montadoras internacionais e precisava bater metas.
Não foi fácil. “Eu precisei levar a empresa sozinho por um bom tempo. Todo o dinheiro que sobrava era para novas compras e então conseguir vendê-las de forma eficiente”, afirma Buzaid. “Às vezes, não dava tempo de voltar pra casa. Eu dormia em um colchão inflável no chão do escritório.”
Essa foi a rotina dos primeiros seis anos. Porém, ao chegar em 2020, apesar de o faturamento crescer ano após ano, Buzaid concluiu que era preciso mudar. Em vez de levar a empresa sozinho, ele contratou colaboradores para fazer o faturamento crescer mais depressa.
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O perfil da Gohobby mudou bastante, e o foco atualmente é o B2B. A empresa supre varejistas e revendedores. Isso porque os drones que chegam ao Brasil atualmente são muito diferentes dos modelos importados em 2011. O uso comercial cresceu. Segundo Buzaid, 56% das vendas são para o agronegócio, 16% para segurança privada, 13% para a segurança pública, 11% para a construção civil e 4% para levantamentos topográficos.
eVTOLs
Indo além dos drones, mas não deixando o céu, a GoHobby foi a primeira companhia a trazer os eVTOLs (aeronaves elétricas de decolagem e aterrissagem vertical) para o Brasil. Os primeiros modelos chegaram em dezembro de 2023.
Buzaid diz esperar que esse negócio seja uma fonte de receita significativa quando os “carros voadores” forem autorizados a voar em território nacional. Cada aeronave custa cerca de US$ 600 mil, o que deve aumentar muito o ticket médio das vendas. Hoje, os drones custam cerca de R$ 100 mil.
“Estamos muito otimistas com 2024. A chegada dos eVTOLs trará um novo momento para o setor”, afirma Buzaid. “Esperamos continuar diversificando nossas vendas. Em 2026, queremos começar a distribuir humanoides, os robôs que se assemelham a humanos.”
Até o momento, a companhia não recebeu nenhum aporte, mas conta com crédito bancário. “Nunca sabemos o dia de amanhã, mas por enquanto gostaríamos de continuar assim”, afirma.