O Federal Reserve (FED), o banco central americano, não tem pressa para baixar os juros. Os diretores do Federal Open Market Committee (Fomc), o Copom dos Estados Unidos, avaliaram durante a reunião realizada em 30 e 31 de janeiro que precisam de “mais confiança” na queda da inflação antes de começar a reduzir os juros.
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Essa é a conclusão das Minutas da reunião, divulgadas pelo FED na tarde desta quarta-feira (21). As principais conclusões do texto, muito aguardado pelos profissionais do mercado, era de que os diretores do BC americano estavam “otimistas” com o efeito da alta dos juros sobre a inflação. Em meados de 2022, o Consumer Price Index (CPI), a inflação no varejo estava a 9,9% em 12 meses, nível mais elevado em 40 anos. Naquele momento o FED começou a elevar os juros, que estavam em zero, para a faixa atual entre 5,25% e 5,50% ao ano, processo que se encerrou no terceiro trimestre de 2023.
No início deste ano, os profissionais do mercado financeiro começaram a especular sobre quando os juros começariam a cair. A perspectiva na virada do ano era de que o primeiro corte ocorreria na reunião do FED agendada para os dias 19 e 20 de março. No entanto, declarações sucessivas de Jerome Powell, presidente do FED, e de outros diretores da instituição fizeram essa projeção ser adiada para a reunião de maio e, mais tarde, para o encontro de junho.
Agora, o texto divulgado na quarta-feira pode provocar um novo adiamento das expectativas do mercado para o início do corte das taxas. ““Ao discutirem as perspectivas, os participantes [da reunião] consideraram que os juros estão no ponto máximo desse ciclo de aperto”, informou o texto. Porém, “os participantes não consideram apropriado reduzir os juros até terem mais confiança de que a inflação está recuando de forma sustentável para [a meta de] 2% [ao ano]”.
Em linha com as declarações recentes de Powell, o texto informou que os diretores do FED “vão avaliar cuidadosamente os indicadores para avaliar a direção da inflação no longo prazo”, e “se preocupam com uma redução das taxas depressa demais”.
A justificativa é uma constatação dos efeitos perversos da inflação sobre as pessoas, especialmente as de renda mais baixa. Segundo o texto, os diretores do FED seguem preocupados “com o fato de a inflação elevada continuar a prejudicar as famílias, especialmente aquelas com meios mais limitados para absorver altas de preço.”
O cenário é incerto, e os indicadores mais recentes não favorecem teses de afrouxamento monetário. O Consumer Price Index (CPI) de janeiro subiu 0,3%, acima das expectativas e da variação de dezembro, que eram iguais: 0,2%. Em 12 meses, o CPI geral desacelerou para 3,1% ante os 3,4% nos 12 meses até dezembro, mas ficou acima dos 2,9% esperados. E o “núcleo” da inflação, que não considera os preços mais voláteis dos alimentos e da energia, variou 3,9% em 12 meses. Foi a mesma variação até dezembro, mas acima dos 3,7% projetados.
Isso ocorreu também na inflação no atacado. O Producer Price Index (PPI) de janeiro subiu 0,3%, maior alta desde agosto de 2023, após ter recuado 0,2% em dezembro. A mediana das expectativas era de uma alta de apenas 0,1%. O “núcleo” do PPI, que exclui os preços mais voláteis de alimentos e de energia, aumentou 0,5%, muito acima da expectativa de 0,1%.