Na manhã desta segunda-feira (18) o Banco Central (BC) divulgou seu índice de atividade econômica, o IBC-Br, referente a janeiro. Pelas contas do chamado “PIB do BC”, o Produto Interno Bruto brasileiro cresceu 0,6% no primeiro mês do ano (resultado dessazonalizado).
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Apesar de o crescimento estar abaixo dos 0,82% registrados em dezembro, o número ficou bem acima da mediana das expectativas do mercado, que era de um avanço de apenas 0,26%. E no acumulado de 12 meses, a variação até janeiro foi de 2,47%.
O IBC-Br é apenas o indicador mais recente que mostra que a economia brasileira iniciou 2024 mais aquecida do que as expectativas. Três indicadores comprovaram isso na semana passada.
Na quinta-feira (14) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), que analisa a atividade do varejo. O resultado de janeiro foi um crescimento de 2,5% na comparação com dezembro. Segundo o IBGE, foi a primeira alta estatisticamente significativa desde setembro de 2023, quando o crescimento havia sido de 0,8%.
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Na sexta-feira (15) houve dois indicadores. De manhã o IBGE divulgou a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de janeiro, mostrando um crescimento de 0,7%, acima das expectativas de 0,3%. Na comparação com janeiro de 2023, o crescimento foi de 4,5%. O nível de atividade do setor está apenas 0,7% abaixo do pico da série histórica, registrado em dezembro de 2022.
E no início da tarde o Ministério do Trabalho divulgou o Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados (Caged), que soma todas as contratações e demissões no mercado formal de trabalho. Os números vieram muito acima do esperado. A projeção era de que as contratações de janeiro houvessem superado as demissões em 90 mil. Superaram em 180 mil, o dobro do previsto.
O que esses números significam? Segundo Enrico Cozzolino, estrategista da Levante Ideias de Investimentos, tanto os resultados do comércio quanto os dos serviços em janeiro foram surpreendentes. “Janeiro tende a ser mais fraco para o varejo, pois as cobranças de impostos como o IPVA e o IPTU drenam parte da renda das famílias”, diz ele.
No entanto, o setor cresceu mesmo assim. E para Cozzolino o mesmo raciocínio vale para os serviços. “O setor registrou o terceiro resultado positivo consecutivo, e o número veio acima da mediana das expectativas”, diz. “Os resultados de janeiro estão só um pouco abaixo dos máximos históricos e mesmo um crescimento modesto em fevereiro podem trazer novos recordes no comércio e nos serviços.”
Outra surpresa foi a Caged. O emprego e o desemprego reagem mais devagar às mudanças no ritmo de atividade econômica. Os empresários hesitam em demitir nas crises porque repor funcionários custa caro e dá trabalho. No sentido inverso, as contratações demoram quando a economia aquece, pois o empresário quer ter certeza de que a recuperação é consistente. E esse processo é ainda mais lento nas contratações formais.
Por isso, o IBC-Br é um indicador de que a economia brasileira está crescendo mais depressa do que o esperado. E isso aparece nas expectativas. A edição mais recente do Relatório Focus, publicada em 12 de março, mostra que a projeção do mercado para o crescimento do PIB em 2024 é de 1,78%. Para comparar, a projeção para este ano era de 1,52% na última edição de 2023.
Os dados desta segunda-feira já causaram uma revisão das projeções para cima. “Os primeiros dados de atividade do ano foram promissores e consequentemente, elevamos nossa perspectiva de PIB de 2024 de 1,7% para 1,9%”, escreveu Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.
Parece pouco. No entanto, o PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos na economia. Em 2023, a estimativa preliminar do PIB brasileiro é de R$ 10,9 trilhões. Um crescimento de 1,7% representa mais R$ 185,3 bilhões. Porém, se o crescimento foi 1,9%, será R$ 207,1 bilhões. Na ponta do lápis, mais R$ 21,8 bilhões em circulação na economia, melhorando os resultados das empresas e a arrecadação do governo.