Uma proposta de distribuição de 50% dos dividendos extraordinários do exercício de 2023 deve ser referendada na assembleia de acionistas da Petrobras (PETR3/PETR4) na próxima quinta-feira (25), disse o presidente-executivo da companhia, Jean Paul Prates, em entrevista a jornalistas, nesta segunda-feira (22).
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Segundo Prates, esta é a única proposta em análise e que tem estudos e pareceres. O pagamento de metade da remuneração extraordinária envolveria cerca de R$ 22 bilhões, beneficiando não apenas acionistas minoritários, mas também as contas do governo.
A Petrobras informou na noite da sexta-feira (25) que seu Conselho de Administração entendeu como satisfatórios os esclarecimentos da diretoria financeira, de que a distribuição de dividendos extraordinários de até 50% do lucro líquido de 2023 não comprometeria a sustentabilidade da petrolífera.
A avaliação do Conselho veio após momentos de tensão, em que Prates chegou a ser ameaçado de demissão. No entanto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que ele deveria continuar na petroleira. Neste processo, o governo reconsiderou a proposta de distribuir 50% dos dividendos possíveis, feita inicialmente por Prates.
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O Conselho avaliou, no início de março, que R$ 43,9 bilhões deveriam ser destinados para uma reserva estatutária da Petrobras, o que voltou a ser discutido nesta segunda-feira.
Na entrevista, Prates lembrou que a reserva garante pagamento de dividendos aos acionistas mesmo em períodos de desempenho mais desafiador, um recurso acessível às companhias abertas.
“Se nós, como gestores do Conselho de Administração (…) vislumbramos lá na frente um período onde o dividendo pode ser menor ou ter alguma coisa, você equaliza aquele dividendo lá com a reserva que você fez no período extraordinariamente positivo de hoje”, disse ele.
Margem Equatorial
A exploração de novas fronteiras petrolíferas é uma decisão que deve ser tomada pelo Estado brasileiro, que pode assumir o risco de importar petróleo no futuro, dependendo dos caminhos tomados, disse o presidente da Petrobras.
Ele ressaltou que a estatal está confiante em explorar a região com alto potencial petrolífero, que inclui a áreas como a Bacia da Foz do Rio Amazonas, apesar das questões ambientais envolvidas.
Além de dificuldades junto ao Ibama, a Petrobras vem enfrentando crescente resistência de grupos indígenas em relação ao seu principal projeto de exploração, que visa abrir uma nova fronteira na parte mais promissora para petróleo da costa norte do Brasil.
“Há uma discussão com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) também, com as autoridades, com a própria Funai local do Amapá. Não há grandes estresses, não há nada disso”, afirmou Prates.
Segundo ele, uma sonda que poderia atuar na Foz do Amazonas acabou de perfurar a Bacia Potiguar.
“A sonda deverá vir para o Sudeste para ficar livre de novo em outubro. até la, vamos conversar com o Ibama e com o Ministério de Meio Ambiente, da forma civilizada, ponderada, racional, como a gente sempre teve”, acrescentou.
Segundo o executivo, “vai ser muito importante que a gente tenha alguma coisa, alguma troca de trabalhos técnicos, e até da própria autorização, pra nós, antes de outubro, conseguirmos fazer a APO, que é a Avaliação Preliminar Operacional”.
Neste evento, a Petrobras poderia mostrar como funcionaria uma operação diante de um eventual incidente ambiental. Prates disse ainda que a Petrobras seria a única empresa capaz de garantir com responsabilidade a perfuração na Margem Equatorial, área que vem sendo explorada desde 2015 por países vizinhos, que já produzem na região.