A conclusão do Fórum Brasileiro de Líderes em Energia – powered by Forbes – após dois dias de debates é inquestionável: quando o assunto é geração de energias renováveis, o Brasil segue sendo um dos principais mercados estratégicos do mundo. Segundo Marcelo Moraes, CEO do Fórum, o crescimento dos investimentos nesse setor é uma tendência irreversível. “A indústria petrolífera voltou seus canhões para a geração de energias renováveis”, diz ele. “A descarbonização é uma meta que tem de ser cumprida até o ano 2050.”
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Para Moraes, a questão é como destravar os investimentos e trazer esse capital para o Brasil. “Parece um clichê, mas o essencial são questões como segurança jurídica e regulamentação do ambiente de negócios”, diz ele. “Os investimentos na geração de energia, assim como qualquer investimento em infraestrutura, são projetos de longo prazo, 20, 25 ou 30 anos. E são valores expressivos.”
O executivo afirma que o País está entrando em uma “década de ouro” para o setor elétrico. Há cinco projetos em tramitação no Congresso: os marcos legais do hidrogênio e da geração eólica “off shore”, os projetos de mercado de carbono e dos combustíveis do futuro, e o plano de aceleração da transição energética. “Estamos em um momento muito interessante e muito importante”, diz Moraes. “Estamos em um ano eleitoral, o que sempre atrasa um pouco as tramitações, mas se tudo correr bem teremos pelo menos dois desses projetos finalizados ainda no primeiro semestre”, diz ele.
Leilões de transmissão
Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, disse à Forbes que uma estimativa de investimentos de R$ 650 bilhões nos próximos dez anos é “conservadora”. Prova disso, afirmou Silveira, são os investimentos em transmissão. “Contratamos R$ 60 bilhões em investimentos nessas linhas, os leilões tiveram participantes do mundo inteiro”, diz ele. “Isso tornará viáveis investimentos de R$ 200 bilhões em geração solar, eólica e de biomassa apenas na região Nordeste.”
Para Silveira, outro fator que deverá atrair recursos é o processo de renovação das distribuidoras de energia, que se estenderá de 2025 a 2031 e, em sua avaliação, deverá movimentar R$ 120 bilhões. “O processo começa com a licitação para renovar a concessão da EDP no Espírito Santo”, diz ele. “Os conselhos de todas as distribuidoras estão avaliando planos de investimento.”
Hidrogênio verde
Marcelo Moraes avalia que o outro vetor que vai destravar investimentos em energia é o hidrogênio verde. Ou seja, o hidrogênio produzido por meio de energias renováveis. Para o CEO do Fórum, essa é uma questão relativamente nova e um pouco mais complexa. “Ainda não é uma solução pronta, ela ainda depende de alguns incentivos, benefícios fiscais e subsídios, então é uma discussão um pouco mais complexa”, avalia. No entanto, o hidrogênio verde também abre uma oportunidade, afirma. “Há um casamento perfeito entre ele e a geração de energia eólica offshore”, diz Moraes.
As vantagens vão além do setor energético em si. “O hidrogênio verde permitirá colocar o Brasil na posição de exportador de energia, por meio da transformação do hidrogênio em amônia, que permitirá as exportações para o mundo todo, especialmente para a Europa”, diz ele.