O Santander Brasil (SANB11) divulgou um lucro líquido gerencial de R$ 3,021 bilhões no primeiro trimestre, avanço de 37,1% ante o trimestre anterior, e de 41,2% em relação ao mesmo período de 2023. O resultado do banco ficou levemente acima da mediana das expectativas dos analistas, que era de R$ 3 bilhões.
Segundo Mário Ópice Leão, principal executivo do Santander, o resultado retoma os níveis do terceiro trimestre de 2022, mas em um cenário mais positivo. “O banco obteve esse resultado em um momento de desaceleração deliberada das atividades”, diz ele. “Agora, voltamos a esse número com resultados limpos e recorrentes, e associados a uma retomada.”
O destaque foi o avanço da margem financeira, que avançou para R$ 14,79 bilhões, alta de 14,5% ante o mesmo período de 2023. As receitas de serviço aumentaram 12,8% ante 2023, para R$ 4,886 bilhões. E as despesas com a Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) recuaram para 3,8% ante os 4,5% no primeiro trimestre de 2023.
Baixa renda
Ao comentar os resultados, Leão tratou do novo posicionamento estratégico do banco voltado para os clientes de baixa renda. Lançados no domingo (28), o cartão e a conta Free destinam-se a clientes com renda mensal de até R$ 4 mil.
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Ao abordar esse nicho de mercado, o banco está concorrendo diretamente com o principal segmento dos bancos digitais, que não têm redes de agências. Ao apostar em serviços simples e a baixo custo, esses bancos totalmente virtuais ganharam muitos clientes, e agora buscam rentabilizar essas atividades.
Segundo Leão, o Santander sabe que essa carteira de clientes não é lucrativa. “E não será lucrativa em um primeiro momento, mas temos certeza que ela será rentável em breve”, diz ele, sem indicar prazo (o banco não fornece guidance). A meta é crescimento. “Parte dos clientes dessa faixa de renda foram capturados pelos concorrentes digitais, mas nada impede que eles sejam recapturados”, avalia.
A diferença com a concorrência, diz Leão, é uma oferta de produtos mais diversificada. “Os bancos digitais em geral começaram com um único produto, como conta-corrente ou cartão, e vieram gradativamente acoplando mais serviços”, diz ele. “O Santander já chega com todo o portfólio de produtos financeiros pronto, e só tem de ajustar as ofertas.”
Empréstimos
Apesar de buscar a clientela de baixa renda, o banco seguirá cauteloso no crédito. Segundo o CEO, a concessão de empréstimos para esse segmento será moderada. Leão recordou que, durante a pandemia, muitas instituições financeiras exageraram nessa atividade. “Os dados são sigilosos, um banco não olhava o que o concorrente estava fazendo, e isso levou alguns clientes ao superendividamento”, diz ele. “Havia clientes com R$ 2 mil de renda mensal e R$ 10 mil em dívidas e isso não iria funcionar.” Daí a cautela em abordar esse negócio.
Para o presidente, mais do que a esperada queda da taxa referencial Selic para um dígito, o crédito só crescerá de maneira consistente com um aumento da renda do brasileiro. “A queda da Selic faz diferença, sim, mas essa diferença é mais sentida para as empresas”, diz.
Analistas
Segundo o time de análise da Levante Investimentos, o resultado foi positivo. “Vale comentar sobre a dinâmica de financiamento ao consumo no segmento Pessoa Jurídica, que se expandiu em função de uma produção robusta na produção de veículos. A carteira de PMEs cresceu 8,1% ante 2023 em função do varejo, que reflete o financiamento ao consumo dos clientes do banco”, segundo o relatório sobre os resultados. “Consideramos o resultado banco, em termos qualitativos, ligeiramente positivos, indicando um nível de evolução nas safras de crédito, além da continuidade da expansão nas linhas focadas em clientes Alta Renda e Private.”