Em uma votação apertada, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu reduzir os juros em 0,25 ponto percentual para 10,50% ao ano. Após seis reuniões consecutivas cortando a taxa referencial Selic em 0,50 ponto percentual, o Comitê desacelerou o ritmo de redução do cortes.
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A votação foi apertada, e o voto de Minerva veio de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), acompanhado por outros quatro membros. Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do BC e provável sucessor de Campos Neto, votou por mais um corte de 0,50 ponto percentual.
No Comunicado divulgado após a reunião, o Copom afirma que os “indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho têm apresentado maior dinamismo do que o esperado” e que “acompanhou com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária”. No texto, o Copom reforçou que “uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros.”
No Comunicado, o Copom elevou as projeções de inflação. A previsão para 2024 subiu para 3,8% ante os 3,5% da reunião anterior. No caso dos preços administrados, que tendem a subir acima dos demais, a projeção para 2024 subiu para 4,8% ante os 4,4% da reunião anterior. E o Comunicado conclui afirmando que “a política monetária deve se manter contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.
Repercussão
Segundo Fabrício Silvestre, analista de renda fixa da Levante Investimentos, a decisão veio em linha com o esperado e não deve ter grandes impactos sobre a trajetória e a rentabilidade dos títulos públicos na quinta-feira (09). Para ele, o que chamou a atenção no comunicado foi uma volta da sinalização de preocupação com o cenário fiscal. “Isso gerou algum receio do mercado quanto ao compromisso com o equilíbrio das contas púbicas”, diz Silvestre.
Já Camila Abdelmalack, da Veedha Investimentos, diz que “o Copom alterou seu ‘plano de voo’ devido à elevação da incerteza sobre o corte de juros nos EUA e à elevação do risco fiscal no Brasil após alteração na meta”. Para a economista, o mercado deixou de acreditar que há possibilidade de uma taxa de juros no patamar de um dígito em 2024. “As incertezas externas e a preocupação fiscal evoluíram de maneira desfavorável, a projeção do Focus aponta Selic em 9,5% em 2024, enquanto a curva de juros precifica 10,25%”, afirma.
E Marcelo Bolzan, sócio da The Hill Capital, a decisão ter sido votada em 5 a 4 é um “dissenso ruim”. Para ele, isso “sinaliza que a próxima composição do Banco Central (2025) é mais dovish”. O Comunicado “sinaliza maior cautela e que ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta.”