O bilionário Jim Simons faleceu na última sexta-feira aos 86 anos, em sua casa em Manhattan, nos Estados Unidos. O professor de matemática, que presidiu o departamento de exatas da Universidade de Stony Brook, deixou a carreira de lecionador aos 40 anos para se aventurar no mercado financeiro. Ele fundou o fundo de hedge Renaissance Technologies em 1982 e criou seu Fundo Medallion em 1988, famoso por superar o mercado em geral.
-
Siga o canal da Forbes e de Forbes Money no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
A Renaissance valoriza mentes matemáticas em seu quadro de funcionários, sendo que 90 de seus 300 empregados têm doutorado em matemática, física, ciência da computação ou campos relacionados. Atualmente, o fundo gerencia cerca de US$ 50 bilhões em ativos. O Medallion, por décadas, só esteve aberto a Simons e aos funcionários da empresa. Ele cobra uma taxa de gestão de 4% e taxas de desempenho variando de 36% a 44%, mais altas do que seus concorrentes, mas tem valido a pena. Após as taxas, o fundo ainda gerou um retorno líquido anualizado de mais de 30% desde o início. Para ter base de comparação, a Berkshire Hathaway de Warren Buffett conseguiu um ganho anual composto de 20%.
Esse histórico fez de Simons a 51ª pessoa mais rica do mundo no momento de sua morte, com uma fortuna estimada em US$ 31,4 bilhões (R$ 162 bilhões). Ele apareceu pela primeira vez na Forbes na lista dos 400 mais ricos dos Estados Unidos em 2004, com um patrimônio líquido de US$ 2,5 bilhões (R$ 13 bilhões).
Simons era intensamente reservado, e os detalhes da estratégia de investimento que impulsionou seu sucesso permanecem em grande parte um mistério. Ele fez sua última aparição pública em setembro de 2023 no evento da Forbes sobre Filantropia em Nova York. Jim creditou à sua esposa Marilyn Simons por ser a força motriz inicial por trás da Fundação Simons, que eles fundaram em 1994. “Eu apenas ganhei o dinheiro e Marilyn o distribuiu”, brincou ele no palco.
Nos últimos anos, Simons se dedicou pessoalmente à sua instituição de caridade. Ele se afastou da liderança da Renaissance em 2010, e ele e Marilyn doaram mais de US$ 6 bilhões (R$ 31 bilhões), tornando-os os sextos maiores doadores filantrópicos dos EUA. A Fundação Simons, que tinha US$ 4,9 bilhões (R$ 25 bilhões) em ativos até seu último documento fiscal disponível, apoia principalmente a educação e a pesquisa em matemática e ciências.
“Conforme a economia se torna cada vez mais dependente de habilidades quantitativas, estamos ficando para trás no ensino delas”, disse Simons à Forbes em 2016.
No ano passado, os Simons prometeram US$ 500 milhões (R$ 2,5 bilhões) ao longo de sete anos para a Universidade Stony Brook, na segunda maior doação já feita a uma faculdade pública. Simons tornou-se presidente do departamento de matemática lá aos 30 anos, depois de passagens pelo ensino em Harvard e MIT, e tornou-se renomado por seu trabalho em topologia e compreensão das características de formas geométricas complexas. Em 1976, ele ganhou o Prêmio Oswald Veblen da Sociedade Americana de Matemática, a mais alta honra no campo da geometria.
A escola também é onde ele conheceu sua esposa enquanto ela era estudante de doutorado. O casal continuou a investir pesadamente na educação matemática e, em 2004, fundaram a Math for America, que fornece bolsas de estudos para professores. A fundação doou milhões para o Museu Nacional de Matemática, conhecido como MoMath, em Nova York.
Em uma entrevista de 2017 à Forbes, Simons explicou por que ajudar os professores de matemática era importante para ele. “Se você sabe matemática suficiente hoje para ensinar no ensino médio, então provavelmente sabe o suficiente para trabalhar no Google, no Goldman Sachs ou na Renaissance Technologies”, disse ele. “Eles pagam muito mais do que o ensino médio. Isso significa que não muitas pessoas que sabem o assunto vão entrar nesse campo, o campo do ensino.”
A Fundação Simons também distribuiu milhões de dólares para apoiar pesquisas sobre câncer e autismo. “Temos uma equipe na fundação que gasta US$ 100 milhões (R$ 515 milhões) por ano trabalhando com autismo e entendendo-o melhor”, disse Simons.
(Traduzido por Poliana Santos)