A taxa Selic é uma referência para a economia. Ela serve como parâmetro para os juros privados, medidos pelo CDI. Baliza o custo das transações financeiras entre os bancos. E também serve para avaliar o retorno dos investimentos. Qualquer alteração na Selic ou na velocidade de seus movimentos afeta todos os setores da economia, em especial as ações negociadas na B3. Daí a importância da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de desacelerar o corte da Selic para 0,25 ponto percentual após seis cortes consecutivos de meio ponto percentual – tomada na quarta-feira (8) em uma votação apertada.
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A Selic recuou de 10,75% para 10,50% ao ano, quando a projeção era de uma taxa de 10,25%. Mesmo pequena em termos absolutos, a diferença entre o esperado e o ocorrido tem importância. “O setor bancário se beneficia com o aumento da taxa Selic”, diz Marcelo Boragini, sócio e especialista em renda variável da Davos Investimentos. “Os bancos conseguem aumentar o spread bancário e são mais protegidos em cenários de flutuação de juros.” O spread bancário é a diferença entre os juros que o banco cobra ao emprestar dinheiro e a taxa que ele paga ao investidor para captar esses recursos. A diferença entre essas taxas constitui o spread bancário, que pode variar conforme a operação e o risco, mas, em geral, beneficia os bancos.
As seguradoras também são beneficiadas pelos juros mais altos. Elas mantêm muito dinheiro em caixa para cobrir possíveis indenizações das apólices de seguro que vendem. Esse capital, chamado de reserva técnica, é investido principalmente na renda fixa. Assim, quando a Selic sobe e os juros privados aumentam, o capital das seguradoras rende mais.
O analista quantitativo da CM Capital, Nilson Marcelo, também destaca que as empresas de energia elétrica levam vantagem devido à sua característica de receita previsível e contratos de longo prazo.
Outro setor beneficiado são corporativas que exportam commodities, como mineradoras e produtoras de petróleo. “A valorização do real pode ser limitada, mantendo a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional”, diz Marcelo.