Todos os dias a pergunta sobre qual o melhor investimento é a que mais aparece nas mensagens que recebo da minha audiência. Essa preocupação é totalmente legítima e, num momento em que, conforme dados Anbima, identificamos que mais de 60% dos brasileiros não investe, eu fico realmente feliz em ver pessoas buscando informação, pois a curiosidade sempre nos faz avançar.
Acontece, porém, que dizer qual o melhor investimento não é uma resposta simples. Há muitas variáveis e, para cada perfil de pessoa, conforme o contexto, cabe uma alternativa diferente. Sendo assim, algo que pode ser um excelente investimento para você pode ser péssimo pra mim e vice-versa.
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Por onde começar para investir do jeito certo?
A primeira coisa a fazer é buscar ao menos conhecimentos básicos sobre o mercado, pois, antes de começar a investir, você precisa saber o que está fazendo. Eu sei que isso parece óbvio, mas acredite: na maior parte do tempo, não é o que acontece.
O mais comum é que as pessoas primeiro começam e, somente depois, quando já estão acumulando alguns prejuízos, ou notam que suas finanças não estão saindo do lugar, é que resolvem ir buscar ajuda para entender onde estão errando.
Agir dessa forma te faz perder tempo e dinheiro, então, se deseja começar a investir de forma correta, o melhor a fazer é dedicar algumas horas para entender pelo menos os principais tipos de investimento que existem e para que serve cada um deles. O tempo investido nesse breve estudo, vai te poupar de muitos aborrecimentos.
Qual o melhor investimento para o iniciante?
Não importa se você é iniciante ou experiente, o melhor investimento sempre será aquele que te deixa mais próximo de suas metas. As ações de uma promissora empresa que está em fase de crescimento podem ser um péssimo negócio para um investidor que precisará do dinheiro dentro de um ano, e um excelente negócio para outro, que tem dez anos para esperar.
Da mesma forma, um CDB com vencimento em 18 meses, pagando 112% do CDI, é uma opção interessante para quem está investindo para uma viagem que ocorrerá no mesmo prazo, e um negócio totalmente desinteressante para um investidor que irá precisar de seu dinheiro em 3 meses ou um outro, cuja meta de uso do capital seja de cinco anos.
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Imagino que você já entendeu que todas as classes de ativos têm vantagens e desvantagens e que o que torna uma classe melhor ou pior para você é o quanto as características de uma aplicação financeira são aderentes à sua meta.
Como saber qual tipo de investimento serve para cada meta?
Depois que você sabe que tipos de investimento existem, e quais suas principais características, fica praticamente automático identificar os que são compatíveis com suas metas. Acredite: é mais fácil do que você imagina!
Mas, enquanto você ainda não tem esse conhecimento, pesquise sobre o ativo em que está pretendendo investir. Use fontes confiáveis para isso e muito cuidado com os “gurus de internet”.
Sempre dê preferência às informações do site de RI (relação com investidores) das empresas, cartas dos gestores e informações de analistas de mercado profissionais, certificados e fiscalizados pela CVM, preferencialmente, que sejam independentes e sem conflitos de interesse.
Para saber se um investimento é adequado à sua meta financeira, avalie:
- prazo de vencimento da aplicação financeira (no caso de títulos públicos, privados, CDBs, e fundos de investimento em geral): observe se o prazo que você estipulou para o uso do dinheiro e o vencimento da aplicação são equivalentes, pois, do contrário, você arrisca não ter o dinheiro em mãos quando precisar;
- rentabilidade real do investimento: a rentabilidade de uma aplicação pode ou não sofrer incidência de Imposto de Renda. É muito importante saber isso ao investir Também é preciso saber se há outras taxas cobradas pela corretora ou banco;
- grau de risco: busque entender todos os riscos envolvidos: grau de volatilidade, risco de liquidez, risco de crédito (quando o emissor do ativo não honra o seu compromisso), entre outros;
- qualidade dos ativos: avaliar esse quesito vale, obviamente, para todo produto financeiro em que você pretenda investir, e, mais especialmente, para ações. Entender a qualidade das empresas às quais você está se associando é essencial. Avaliar o endividamento, a capacidade de geração de caixa, o tipo de produto ou serviço e as vulnerabilidades às quais a empresa está exposta são alguns fatores relevantes na sua decisão de compra de uma ação.
É claro que há outros aspectos a avaliar em cada produto, mas se ele não passar nesse crivo inicial, você nem deve perder tempo com as demais análises.
Como aprender a avaliar os investimentos
Se você deseja fazer sozinho essa avaliação e montar sua carteira de investimentos, só há um caminho: estudar. Desde que você saiba filtrar, há muito material de qualidade disponível gratuitamente na internet e também há excelentes mentorias de finanças, em que você irá aprender as premissas essenciais para investir de forma eficaz.
Escolher o caminho do conhecimento foi o que me permitiu alcançar a independência financeira, então, sou um entusiasta da educação financeira como forma de autonomia de escolhas para todos.
Mas, se você não tem tempo ou interesse de aprender sobre investimentos, a alternativa mais viável é contratar a consultoria de um especialista independente, que fará a montagem de seu portfólio com base nas suas metas e contexto de vida.
Outra opção é utilizar os serviços de assessores de investimento que as próprias corretoras disponibilizam. Caso opte por este serviço, certifique-se de utilizar um escritório com sólidos princípios éticos, para que as indicações feitas à sua carteira não esbarrem em conflitos de interesse entre o que é, de fato, bom pra você e o que melhor remunera a corretora.
Seja qual for sua opção, comece o quanto antes. Busque as informações essenciais sobre os tipos de investimento e aja. A jornada no mundo dos investimentos é contínua ,e aos poucos, você vai aprendendo e aprimorando suas escolhas. O que não vai te ajudar em nada é ficar parado esperando o momento perfeito, pois esse momento sempre terá sido ontem.
Eduardo Mira é investidor profissional, analista CNPI, pós graduado em pedagogia empresarial, coordenador do MBA em Planejamento Financeiro e Análise de Investimentos da Anhembi Morumbi, sócio do Clube FII e sócio fundador da holding financeira MR4 Participações.
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