Um rali que tem impulsionado o mercado acionário norte-americano depende cada vez mais da fabricante de chips Nvidia e de um punhado de outras ações de grandes empresas, o que tem reavivado preocupações de que o desempenho de Wall Street tenha se tornado vinculado a um grupo restrito de empresas.
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Cerca de 60% do retorno total do S&P 500 de mais de 12% no ano foi impulsionado por cinco empresas cujas ações têm alguns dos pesos mais elevados no índice: Nvidia, Microsoft, Meta, Alphabet e Amazon.com, mostraram dados da S&P Dow Jones Indices.
A Nvidia – que na quarta-feira se tornou a segunda empresa mais valiosa do mundo após uma alta de 147% este ano – foi responsável sozinha por cerca de um terço do ganho do índice.
Com a alta dos preços das ações das empresas, seus pesos no S&P 500 aumentaram, dando a elas mais influência sobre o índice mais amplo. As quatro principais ações – Microsoft, Apple, Nvidia e Alphabet – representavam quase 24% do S&P 500 no final de maio, o maior peso coletivo de quatro ações em 60 anos, de acordo com a Bianco Research.
Muitos investidores acreditam que o peso das empresas no mercado é merecido, devido a seus lucros robustos, posições competitivas dominantes e expectativa de que elas capitalizem os avanços no crescente campo da inteligência artificial. Mas alguns estão preocupados com o fato da concentração de ganhos em um punhado de empresas pode ameaçar os índices se alguns desses grandes nomes começarem a oscilar.
“Se esses nomes deixarem de ter um bom desempenho (…) e não virmos o restante do mercado fornecendo esse suporte, isso poderá ser uma fonte de vulnerabilidade”, disse Angelo Kourkafas, estrategista sênior de investimentos da Edward Jones.
Enquanto isso, uma análise das dez maiores ações do S&P 500 mostra que seu peso aumentou para 34,1% no final de maio, o maior peso de todos os tempos no final do mês para as dez principais ações do índice, disse Howard Silverblatt, analista sênior de índices da S&P Dow Jones Indices.
As preocupações com a concentração do mercado surgiram várias vezes nos últimos anos. O ganho de 24% do S&P 500 em 2023 – quando as preocupações com a recessão nos EUA atraíram investidores para empresas maiores que estão menos expostas às flutuações da economia – foi impulsionado por valorizações impressionantes de um grupo de ações de tecnologia e crescimento apelidadas de “Sete Magníficas”. Enquanto essas ações disparavam, grande parte do mercado permaneceu morno, embora não tenha ocorrido uma recessão.
Os sinais de ampliação desse fenômeno de concentração surgiram no primeiro trimestre deste ano, quando os setores financeiro, de energia e industrial superaram o desempenho do S&P 500. Entretanto, esses setores caíram no segundo trimestre, mesmo com a alta do índice geral.
O S&P 500 de pesos iguais – uma representação da média das ações do índice – reduziu os ganhos anteriores e subiu apenas 4,5% este ano, em comparação com o ganho de 12% do S&P 500.
“Estávamos todos animados com a ampliação da recuperação”, disse Jack Manley, estrategista de mercado global da J.P. Morgan Asset Management. “Ela parece ter se estagnado, pelo menos na primeira metade do ano.”
Os analistas citam uma série de razões para o estreitamento do mercado, incluindo o domínio dos lucros do primeiro trimestre pelas empresas de tecnologia e o entusiasmo pelas companhias que se beneficiam da IA. Preocupações incipientes sobre uma desaceleração econômica – refletidas em dados recentes, como um relatório de manufatura dos EUA mais fraco – podem ser outro fator.
Enquanto isso, a Nvidia continua subindo. Impulsionada por sua posição como fabricante dominante de chips de IA, o valor de mercado da Nvidia na quarta-feira ultrapassou US$ 3 trilhões, com a empresa superando a Apple e ficando atrás apenas da Microsoft.
As ações da Nvidia acumularam valorização de 29% desde a publicação do resultado trimestral em 22 de maio, enquanto o S&P 500 subiu 0,9% nesse período. “Isso é um risco, porque se houver uma correção nesse nome… você sentirá isso no mercado”, disse Michael O’Rourke, estrategista-chefe de mercado da JonesTrading.
Alguns investidores acreditam que a concentração simplesmente reflete a força econômica das empresas e não é, por si só, motivo de alarme.
As megacaps “estão apresentando desempenho superior porque os resultados e as perspectivas são sólidos”, disse Peter Tuz, presidente da Chase Investment Counsel, embora ele tenha acrescentado que os ganhos de um grupo mais amplo de ações são geralmente preferíveis, pois refletem uma força econômica mais ampla.
Outros estão otimistas de que o mercado voltará a se expandir nos próximos meses, ajudado pela melhoria dos lucros do restante do S&P 500.
O mercado espera que o lucro das “Sete Magníficas” aumente cerca de 27% em 2024, em comparação com alta de 7,4% para o S&P 500, excluindo essas sete empresas, de acordo com Tajinder Dhillon, analista de pesquisa sênior da Lseg
“Essa diferença de desempenho superior dos lucros começará a diminuir”, disse Kourkafas, da Edward Jones. “Os investidores não devem desistir do tema da ampliação da liderança este ano.”