O Nubank mais que dobrou o lucro líquido ajustado no segundo trimestre deste ano, conforme resultado divulgado nesta terça-feira (13). O resultado foi de US$ 563 milhões (R$ 3,1 bilhão), acima do registrado um ano antes e também superando expectativa de analistas de US$ 472,5 milhõe, segundo dados compilados pela LSEG.
Em Nova York, as ações do banco digital subiram cerca de 6% no pós-mercado após a divulgação dos resultados.
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O diretor financeiro do Nubank, Guilherme Lago, disse à Reuters que a principal motor para o crescimento no lucro líquido do trimestre foi a expansão da margem bruta, especialmente no Brasil, devido ao crescimento da carteira de crédito na comparação anual, para US$ 18,9 bilhões (R$ 103,95 bilhões).
O banco digital também viu a receita líquida subir 65% ano a ano, para US$ 2,8 bilhões (R$ 15,4 bilhões). Porém, o avanço ficou abaixo da expectativa média de US$ 2,92 bilhões, segundo dados da LSEG. Já o retorno sobre patrimônio líquido (ROE) anualizado não ajustado, um indicador de lucratividade, ficou em 28%, de 17% um ano antes.
Alta da inadimplência ofusca expansão?
Embora analistas tenham recebido bem os resultados recentes do Nubank, o que impulsionou uma alta nos papéis de mais de 50% no ano, as taxas crescentes de inadimplência em um momento em que a maioria dos rivais brasileiros estão observando queda são vistas com preocupação.
Em relatório, o analista Rafael Reis, do BB Investimentos, indaga se a alta na inadimplência ofusca a expansão continuada das operações do Nubank. Para ele, o resultado do segundo trimestre deste ano do Nubank suaviza preocupações crescentes quanto à recente escalada da inadimplência.
“Não apenas a inadimplência curta mostrou recuo, mas quando considerado o custo do crédito, a margem financeira, na verdade se expande”, diz. Segundo o analista, isso reafirma que a fintech não se propõe a estar no jogo de inadimplência baixa, mas sim de balancear riscos condizentes com rentabilidade adequada sobre suas linhas e seu público alvo.
A inadimplência de curto prazo do Nubank no Brasil caiu 0,5 ponto percentual na base trimestral, para 4,5%. Já a taxa de inadimplência acima de 90 dias subiu 0,7 pp para 7%. Em base anual, ambas aumentaram.
Para a Levante Investimentos, o aumento da taxa de inadimplência acima de 90 dias traz dúvidas sobre a qualidade dos ativos do banco digital. “Especialmente em comparação com outros grandes bancos brasileiros”, diz.
A casa de análise lembra que o nível de inadimplência do Nubank é significativamente superior ao dos principais concorrentes, como Itaú (2,7%) e Bradesco (4,3%). “A piora da qualidade do crédito e o aumento da inadimplência é muito relevante para a tese de investimentos da companhia”, lembra a equipe da Levante.
Lago disse que o aumento na inadimplência acima de 90 dias no Brasil é resultado principalmente de uma consequência do aumento do indicador de curto prazo no trimestre anterior. O executivo destacou que o Nubank ampliou a fatia do crédito pessoal em sua carteira total. Com isso, tem agora melhores condições de oferecer crédito para segmentos de maior risco, o que explica o crescimento da inadimplência.
Segundo o banco digital, com alta na carteira de crédito e taxas de inadimplência estão dentro do esperado. “O aumento do risco de crédito planejado tem sido mais que compensado com receitas maiores e isso tem aumentado ainda mais a rentabilidade da companhia”, acrescentou Lago.
Questão em aberto
O Nubank alcançou um total de 104,5 milhões de clientes no final do trimestre, a maior parte deles no Brasil. O banco digital também chegou a 7,8 milhões de clientes no México e 1,3 milhão na Colômbia.
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Vale lembrar que a estratégia de crescimento agressivo da fintech, aliada a sua capacidade de inovação e expansão geográfica, posiciona o Nubank como um dos principais protagonistas no setor financeiro da América Latina.
No entanto, permanece a “curiosidade” quanto à rapidez de captura de maiores resultados do Nubank em outras geografias. “Essa é uma questão de resposta postergada”, conclui Reis, do BB-BI.