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Trump pressionou presidente do Fed a cortar juros: ‘Ligue para esse idiota’
Wilbur Ross, ex-membro do gabinete de Trump, conta em seu novo livro que o então presidente ameaçou remover Powell da presidência do Fed se ele continuasse a aumentar a taxa
Kyle Khan-Mullins
Alex Brandon/AP
Trump nomeou Jerome Powell para o Fed
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Em 2018, Donald Trump estava presidindo uma economia em expansão — mas ele estava infeliz. Buscando evitar que a economia superaquecesse, o Federal Reserve, liderado pelo nomeado pelo então chefe da Casa Branca, Jerome Powell, estava aumentando lentamente a taxa de juros.
Em um ponto, Trump aparentemente irritado. Chamando Powell de “idiota”, ele ordena que seu secretário de comércio, Wilbur Ross, ligasse para o presidente do Fed e o fizesse reverter o curso de aperto monetário. O relato consta na autobiografia de Ross, que sai no mês que vem.
“O presidente Trump estava preocupado que aumentos da taxa com justificativa questionável pudessem arruinar a recuperação econômica. Então, ele me pediu para falar com Powell e fazê-lo reverter o curso, ou pelo menos parar de aumentar os juros”, escreve Ross. “Ele [Trump] não estava brincando. Pelo que me lembro dele dizendo, ‘Por favor, ligue para esse idiota e explique a ele que repudiarei sua nomeação, mesmo que ele já tenha sido confirmado.’”
Como Ross conta, ele inicialmente rejeitou o pedido de Trump, dizendo que concordava que a política de Powell estava errada, mas que Trump não deveria “ameaçar substituí-lo ou tomar alguma outra grande ação contra uma instituição independente tão importante” – no caso, o Banco Central dos Estados Unidos, o Fed.
“OK”, Trump respondeu. “Mas você tem de ligar para ele e colocar algum senso nele”.
A história de Ross ressalta o quão ansioso Trump está para desafiar a independência tradicional do Fed de pressões políticas. “Se você olhar para os países ao longo do tempo, há evidências esmagadoras de que quando os bancos centrais são colocados sob o controle de autoridades políticas, esses países tendem a ter taxas de inflação extremamente altas, que, então prejudicam a atividade econômica”, diz o professor de economia da Universidade da Virgínia Eric Leeper. Ele aponta Venezuela, Turquia e a Alemanha durante a República de Weimar como exemplos. “Não há muitas coisas sobre as quais os economistas realmente chegaram a um acordo, mas esta é uma delas.”