O ETF (Fundo Negociado em Bolsa, na sigla em inglês) é uma classe de ativos que vem ganhando cada vez mais espaço no mercado de capitais brasileiro. Segundo a B3, já são mais de R$ 48 bilhões investidos no produto, com um volume de negociação diário superior a R$ 1,4 bilhão. Essa grande movimentação se deu pelo aumento de pessoas físicas na B3 e pela liberação para que pequenos investidores pudessem investir nesses ativos, feita em 2021.
Mais de 500 mil investidores têm ao menos um ETF na carteira. De acordo com a B3, existem 100 ETFs listados, que replicam 85 índices diferentes, inclusive internacionais. Além disso, em 2023, foram lançados no mercado brasileiro os primeiros ETFs que pagam dividendos.
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Os ETFs são conhecidos como fundos de gestão passiva, ou seja, se propõem a acompanhar determinado índice de mercado, como, por exemplo, o Ibovespa, o Nasdaq, o S&P 500. É possível também acompanhar índices de referência de commodities e, nos últimos anos, até mesmo criptomoedas.
Investir diretamente no índice exige tempo e disposição para estudar muitos ativos e é difícil até mesmo para o investidor profissional. Por exemplo, para colocar dinheiro no CAC 40, índice de referência da bolsa francesa, você deve comprar as 40 ações mais negociadas do país. Na opinião de Igor Lucena, economista da Amero Consulting, isso seria complexo e confuso.
Por outro lado, a aquisição de cotas do ETF do CAC 40 é suficiente para replicar o desempenho do índice. “O ETF é uma maneira mais prática e com menos custos”, diz o especialista.
Vantagens e desvantagens dos ETFs
O alto volume transacionado não é sem motivo. Essa classe de ativos possui diferentes vantagens, como a diversificação e a eficiência operacional. Quando o investidor compra um ETF de bolsa, por exemplo, ele acessa uma cesta de ações que pode englobar centenas de empresas. Ou seja, é a oportunidade de colocar em sua carteira um único ativo que reflete o comportamento de um mercado, não precisando escolher a dedo os papéis para compor o portfólio.
Para Diego Hernandez, economista e sócio fundador da Ativo Investimentos, as taxas de administração cobradas pelas gestoras dos ETFs chegam a ser irrisórias perto do custo que o investidor teria com as taxas de corretagem ou câmbio, no caso de papéis internacionais.
Outro fator é poder desembolsar uma quantia relativamente baixa para comprar um leque variado de ativos de uma só vez. Por exemplo, podemos ter um ETF que espelha todo o Índice Bovespa por uma cota de apenas R$ 100,00. “Imaginemos a quantidade de dinheiro que acarretaria comprar todas as ações que englobam esse índice de forma ponderada. É absolutamente inviável”, afirma Henrique Castiglione, CEO da EWZ Capital.
No entanto, é bom lembrar que esses ativos não tem como objetivo superar o desempenho do próprio índice, mas sim acompanhá-lo. Por isso, segundo Igor Lucena, espere ganhar baseado no indicador escolhido. “Nesse viés, seguem sendo renda variável e, apesar de acompanharem as médias, são influenciados pelo sobe e desce das ações”, diz.
De acordo com a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), os ETFs são recomendados para investidores arrojados, dispostos a se expor ao risco. Além disso, no Brasil, os ETFs não têm a mesma isenção tributária que o mercado de ações. Atualmente, os investidores contam com uma isenção de impostos para a movimentação de até R$ 20 mil por mês. Já os ETFs não compartilham desse benefício e todo o ganho de capital é tributado em 15%.
Diversificando com ETFs
O famoso “mercado” de que tanto falamos é a média do consenso de todos os investidores atuantes, e superar os seus ganhos é uma tarefa muito difícil e de longo prazo. Para Hernandez, da Ativo Investimentos, comprar ETFs que repliquem o senso comum do mercado já garante a rentabilidade, e de forma diversificada.
Essa classe de ativos também favorece o aumento do retorno da carteira ao longo do tempo. “A maioria dos investidores têm rentabilidade pior que a média e, por isso, ter um investimento que replica o seu objetivo de retorno escolhido é essencial para manter a longevidade da sua estratégia de investimentos em renda variável”, diz Caio Castro, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital.
Um mesmo ETF pode ter exposição a vários setores . Isso pode ajudar a garantir os seus ganhos em caso de crise em alguns deles e alta em outros. Entretanto, é importante que você diversifique também a sua carteira. Por exemplo: um ETF de Bovespa, está ligado ao risco do Brasil. Então, é importante que a sua carteira de ETFs não fique concentrada apenas nesse tipo fundo de índice ou em uma determinada região geográfica do mundo.
Como investir em ETFs?
O primeiro passo é ter conta em uma corretora de sua preferência e acesso ao ambiente de negociações da B3. “É necessário ter em mente qual é o seu objetivo de médio e longo prazo com relação àquele capital investido”, afirma Castro.
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É fundamental que o investidor conheça a gestora que está distribuindo o ETF e que a corretora tenha credibilidade para que os seus recursos financeiros estejam bem alocados. Antes de fazer o aporte avalie o histórico, quais são os outros produtos que eles já distribuíram, e se o mercado considera que a corretora e a gestora tem uma boa reputação. “Pondere se o ativo acompanha ou não o índice de referência. O ETF tem que seguir o objetivo do índice escolhido e entregar o resultado esperado”, afirma Lucena.