Um investidor pode utilizar inúmeros tipos de ativos para compor uma estratégia de renda passiva — em que recebe uma remuneração periódica sobre os investimentos feitos. Uma delas é aplicar em ações pensando em seu potencial para pagamento de dividendos.
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Com isso em mente, especialistas consultados pela Forbes Brasil oferecem dicas de como montar uma carteira de ativos com grande potencial de pagar dividendos para garantir uma renda passiva.
O que são dividendos?
Dividendo é uma parcela do lucro da empresa que é distribuído aos acionistas, isento de cobrança de imposto de renda. O valor pago é calculado por ação. Ou seja, cada investidor receberá um valor proporcional a sua posição na empresa. Cada companhia define em estatuto qual deverá ser o valor mínimo a ser pago — e qual será a recorrência do pagamento.
Mas não é porque uma empresa dá lucro que ela obrigatoriamente é uma boa pagadora de dividendos. Em muitos casos, elas utilizam o montante para reinvestir em seus negócios, adiantar pagamento de débitos ou amortizar prejuízos de outros períodos.
Todo provento é pagamento de dividendo?
Provento é um sinônimo comum para o pagamento de dividendos, mas nem todo provento é dividendo. É preciso ter atenção. Como já explicado, os dividendos são uma parcela dos lucros distribuída aos acionistas, proporcional ao número de ações que eles possuem.
Há também outros tipos de vantagens financeiras pagas aos acionistas — mas elas entram em outras categorias de ganhos passivos.
“O método Juros sobre Capital Próprio (JCP) é comum no Brasil e sua principal divergência para os dividendos tradicionais é que para a pessoa física há a incidência de 15% de imposto”, diz Daniel Nogueira, coordenador de distribuição da InvestSmart. No entanto, para empresas, o pagamento de JCP pode ser deduzido do lucro tributável, resultando em uma carga menor. Essa diferença faz com que muitas empresas optem por distribuir mais JCP do que dividendos propriamente ditos.
Como saber se a empresa é uma boa pagadora de dividendos?
Para Gustavo Harada, chefe da mesa de renda variável da Blackbird, para saber se a empresa é uma boa pagadora de dividendos é preciso avaliar o balanço da empresa, principalmente se existe uma forte geração de caixa.
Outro ponto importante é avaliar o Dividend Yield (DY). O índice mede a relação entre dividendos pagos e o preço da ação. Empresas do setor elétrico, por exemplo, são tradicionalmente reconhecidas como boas pagadoras de dividendos. Isso acontece porque elas possuem boa parte da sua receita vinda de contratos de longo prazo. Ou seja, é possível ter uma “previsibilidade” sobre os seus ganhos e custos, o que dá uma maior estabilidade para o investidor.
Mas apenas isso não basta, e Harada aconselha a não olhar apenas para o indicador. “Cuidado com investimentos muito altos, acompanhe e analise um crescimento inesperado da companhia para identificar se foi algum pagamento extraordinário ou não, se vai manter essa recorrência e qual é a perspectiva dos resultados da empresa”, pontua.
Além disso, a companhia deve ter consistência e previsibilidade na geração de lucros. “Isso significa que ela tem maturidade o suficiente para elaborar uma boa política de dividendos ou um cronograma de pagamento constante para atrair investidores”, afirma Nogueira.
Ou seja, nem toda empresa pagadora de altos dividendos é uma boa opção para a sua carteira.
Como fazer renda com dividendos?
Para criar uma carteira de dividendos é importante entender o fluxo desejado de dinheiro. Com isso em mente, é necessário buscar empresas que paguem de maneira casada com este calendário. Existem distribuições mensais, trimestrais, semestrais e anuais.
Segundo Nogueira, da InvestSmart, montar um portfólio coerente e diversificado, que tenha exposição a diferentes setores, é uma ótima estratégia — isso permite que o investidor se blinde de crises ou problemas inesperados.
“Também crie um fluxo de reinvestimento, buscando se beneficiar do poder dos juros compostos e assim, com o passar dos anos fazer uma alavancagem positiva no recebimento dos dividendos”, diz o especialista.
“O reinvestimento dos dividendos pode ser feito em qualquer classe de ativo, o que precisa estar no radar é a alocação de recursos: a estratégia de investimento que tenta equilibrar risco versus recompensa”, concorda Harada.
Algumas empresas listadas divulgam em suas estimativas anuais (guidance) qual a expectativa do pagamento de dividendos, além de disponibilizar informações como os dividendos já programados e os que já foram pagos. Os dados podem ser obtidos nos canais de Relação com Investidores (RI).
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Por último, mas não menos importante, preste atenção nas políticas de dividendos. “Embora muitas optem por repassar 25% do lucro líquido, esse percentual pode variar conforme o estipulado no estatuto social de cada companhia. Para evitar riscos, se mantenha fiel a sua própria ‘política’ de investimentos”, diz Nogueira.