O Ibovespa começou setembro na contramão da direção positiva que marcou agosto. Nos dois primeiros pregões deste mês, o principal índice de ações da bolsa brasileira só caiu.
Trata-se de um comportamento oposto ao registrado no mês passado, quando a renda variável doméstica teve o melhor desempenho mensal de 2024. Mais que isso, agosto também foi marcado por sucessivos recordes do Ibovespa, avançando na casa dos 130 mil pontos.
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Ao todo, foram seis máximas históricas de fechamento e outros sete topos inéditos alcançados durante o pregão. Tudo começou em meados de agosto, quando o índice à vista voltou aos níveis de dezembro de 2023. Na reta final, estabeleceu os respectivos recordes aos 137.344 pontos e 137.469 pontos.
A questão é que essas marcas representam pontuações, ou seja, valores nominais, nunca antes cravado pelo Ibovespa. Porém, quando se considera a inflação, o Ibovespa ainda tem um desconto de quase 50%.
Ou seja, se de um lado o Ibovespa marcou vários recordes quando se observa em moeda local (real); em dólar, a história é outra. Em outras palavras: “O Ibovespa bateu recorde, mas em dólar ainda falta muito”, resume o economista André Perfeito.
Ibovespa x EWZ
Levantamento da Quantum Finance a pedido da Forbes Money mostra que a cotação do Ibovespa na moeda norte-americana está 46,1% abaixo do recorde histórico, de maio de 2008. Isso significa que, em termos dolarizados, o Ibovespa está apenas na metade do caminho rumo ao topo inédito.
Há mais de 15 anos, o iShares MSCI Brazil (EWZ), principal fundo de índice (ETF) brasileiro em Nova York e que serve de referência para o comportamento do Ibovespa na B3, encontrava-se em 44.616,04 pontos, no nível mais alto já registrado. Naquele mesmo dia, na bolsa brasileira, o Ibovespa estava em 73.438 pontos.
Para se ter uma ideia, no último pregão de agosto deste ano, no dia 30, enquanto o Ibovespa mostrava fôlego curto para buscar novos topos e encerrava o mês estável, no limiar dos 136 mil, o “Ibovespa em dólar” – como é chamado o EWZ – fechava um pouco acima dos 24 mil pontos.
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Mas a questão que fica é outra, diz Perfeito. “Será o Ibovespa que vai subir tudo isso [46,1%] ou será o real que irá ganhar contra o dólar toda essa diferença?”, indaga o economista.
Segundo ele, o movimento do mercado doméstico tende a ser “um pouco dos dois”. “Mas com peso maior para o segundo”, diz, lembrando que, no ano até agosto, o dólar está 16% mais caro.
Para Maurício Une, economista-chefe da América do Sul do Rabobank, se as condições financeiras globais melhorarem depois que o Federal Reserve iniciar o corte nos juros em setembro, e o Copom mantiver a taxa Selic estável, o real tende voltar a apreciar. “O dólar deve retornar a R$ 5,20 no fim de 2024”, diz.
Aí sim, quem sabe, será possível começar a falar em recorde, de fato, do Ibovespa.