O Ibovespa encerrou esta sexta-feira (20) em queda, atingindo o menor patamar desde junho (-1,73%), pressionado pela alta na curva de juros e por persistentes preocupações fiscais no país. O índice recuou 1,55%, fechando a 131.065,44 pontos, acumulando perdas de 2,83% na semana e 3,63% no mês. Durante o pregão, o índice chegou a marcar 130.907,42 pontos na mínima e 133.128,36 pontos na máxima.
A correção ocorre após três meses consecutivos de ganhos. O volume financeiro da sessão totalizou R$ 33,35 bilhões, impulsionado pelo vencimento de contratos de opções sobre ações. O dólar à vista fechou o dia em alta de 1,78%, cotado a R$ 5,521 . Na semana, a moeda norte-americana acumulou queda de 0,83%.
Segundo Régis Chinchila, da Terra Investimentos, o cenário fiscal brasileiro continua a gerar incertezas, especialmente com a entrega do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do governo ao Congresso. As manobras fiscais têm levantado dúvidas sobre a credibilidade das contas públicas, com especialistas, como os estrategistas do BTG Pactual, alertando que a proposta orçamentária para 2025 parece pouco realista.
Além disso, Chinchila destacou que o mercado já precifica uma aceleração no ciclo de alta da Selic, com expectativa de aumento de 0,50 ponto percentual em novembro, e uma possível elevação de até 0,75 ponto. A curva de juros indica uma taxa final de 12,75% em meados de 2025.
Os estrategistas do BTG Pactual também observaram que os investidores locais estão se protegendo contra a possibilidade de correções mais acentuadas no Ibovespa, refletindo o clima de cautela no mercado.
As ações dos Estados Unidos fecharam com sinais mistos nesta sexta-feira, com investidores dando uma pausa nas compras após uma forte alta na sessão anterior impulsionada por um corte maior na taxa de juros pelo Federal Reserve, enquanto os ganhos da Nike ajudaram a levar o índice Dow Jones a um recorde.
De acordo com dados preliminares, o S&P 500 perdeu 0,18%, para 5.703,37 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq caiu 0,36%, para 17.948,32 pontos. O Dow Jones teve variação positiva de 0,09%, para 42.062,81 pontos.
Destaques do Ibovespa
VALE (VALE3) perdeu 1,51%, em dia de desempenho misto dos futuros do minério de ferro no exterior, com o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian, na China, fechando as operações diurnas em alta de 0,15%, enquanto o vencimento de referência na Bolsa de Cingapura recuou 1,06%. A companhia também anunciou nesta sexta-feira que concluiu a descaracterização do Dique 1B do Sistema Conceição, localizado em Itabira (MG).
B3 (B3SA3) recuou 3,33%, também sofrendo com as perspectivas de novo ciclo de alta dos juros no Brasil, que enfraqueceu o setor financeiro como um todo. Entre os bancos do Ibovespa, BTG PACTUAL (BPAC11) cedeu 3,98%, BRADESCO (BBDC4) caiu 1,86%, SANTANDER BRASIL (SANB11) terminou em baixa de 2,15%, BANCO DO BRASIL (BBAS3) perdeu 1,47% e ITAÚ UNIBANCO (ITUB4)cedeu 1,2%.
PETROBRAS (PETR4) fechou com variação negativa de 0,03%, em dia de declínio dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent cedeu 0,52%. Também no radar esteve a notícia de que Índia discutiu aumentar as importações de petróleo do Brasil em uma reunião com a presidente da Petrobras, segundo afirmou o ministro do Petróleo daquele país, Hardeep Singh Puri, nesta sexta-feira.
CSN (CSNA3) recuou 7,63%, conforme permanece no radar imbróglio jurídico envolvendo tag along na aquisição de participação da Usiminas pela Ternium. Na semana passada, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) questionando interpretação de regra da Lei das S.A. sobre e obrigatoriedade de realização de oferta pública de aquisição (OPA) por alienação onerosa do controle de uma sociedade anônima aberta. Em junho, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu o direito da CSN a uma indenização no valor de cerca de 5 bilhões de reais a ser paga pela Ternium com base nesse ponto. USIMINAS (USIM5) caiu 5,62%.
MAGAZINE LUIZA (MGLU3) fechou em baixa de 7,26%, com ações de setores cíclicos, sensíveis a juros, sofrendo com a alta nas taxas dos contratos de DI. O índice do setor de consumo cedeu 2,65%. No mesmo contexto, construtoras tiveram perdas relevantes, como EZTEC (EZTC3), que perdeu 6,85%. O índice do setor imobiliário recuou 2,97%.
MULTIPLAN ( MULT3) caiu 0,75%, sucumbindo ao mau humor generalizado, após subir 3,43% na máxima na esteira de anúncio de que pretende comprar cerca de 90 milhões de ações da empresa detidas pelo grupo canadense Ontario Teacher’s Pension Plan. Os papéis estão sendo ofertados à Multiplan com desconto de cerca de 16,2% em relação a cotação média dos últimos 30 pregões e, se confirmada, significará que todos os acionistas terão sua participação aumentada proporcionalmente em 18,46%.
EMBRAER (EMBR3) avançou 1,6%, retomando o fôlego após quedas seguidas nos três primeiros pregões da semana, quando acumulou um recuo de 8,63%.