O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (28) que a desancoragem das expectativas de inflação é uma preocupação central para a autoridade monetária, que já iniciou um processo de ajuste para corrigir esse movimento.
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De acordo com o mais recente Boletim Focus, o mercado espera uma inflação de 4,55% para 2024, acima do teto da meta de 4,5%. A expectativa é que o IPCA recue para 4,0% em 2025, mas ainda distante do centro do alvo.
Falando na UK Brazil Conference, organizada pelo Grupo de Líderes Empresariais (LIDE) em Londres, Campos Neto destacou que o Brasil é atualmente o único país onde a precificação de mercado aponta para uma alta nas taxas de juros.
“Observamos uma desancoragem significativa das expectativas de inflação, tanto nas pesquisas quanto nos mercados. Isso é motivo de grande preocupação, pois o modelo de metas depende fundamentalmente dessas expectativas”, afirmou.
Segundo ele, o cenário econômico é desafiador, com a atividade ganhando força, mercado de trabalho apertado e inflação persistente. “Diante desse contexto, o Banco Central iniciou o processo necessário de ajuste para restaurar as expectativas.”
Serviços ainda preocupa
Campos Neto ressaltou que a inflação de serviços permanece elevada tanto no Brasil quanto em outros países, e que a desaceleração desse componente é essencial para garantir o avanço do processo de desinflação.
“Não é possível que apenas a queda na inflação de bens seja suficiente para garantir a convergência das metas sem uma melhora na inflação de serviços”, explicou.
Ele também lembrou que, embora a inflação brasileira estivesse seguindo uma trajetória de convergência para a meta, esse movimento foi interrompido recentemente.
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Em setembro, o Banco Central deu início a um novo ciclo de alta dos juros, elevando a Selic em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano, em resposta à atividade econômica resiliente, ao aperto no mercado de trabalho e à crescente descrença do mercado quanto à convergência da inflação para a meta de 3%.