A proposta-relâmpago de fusão feita pela EMS para a Hypera Pharma na última segunda-feira (21) foi recusada de forma veemente pelo conselho de administração da companhia.
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Em fato relevante divulgado nesta quinta-feira (24), a Hypera afirma que o seu colegiado, em conjunto com assessores externos, decidiu rejeitar a proposta sem nem mesmo dar início às tratativas de negociação.
A farmacêutica cita três principais razões para a rejeição veemente. A primeira é que o portfólio de produtos da EMS, com grande foco em medicamentos genéricos, não tem sinergia com segmentos que a Hypera vê como estratégicos.
Além disso, a cultura organizacional e práticas de governança corporativas distintas foram colocadas em pauta, sendo a Hypera uma companhia aberta desde 2008 e a EMS uma empresa familiar.
Por fim, o conselho acredita que a EMS subestimou “significativamente” o valor da companhia.
Na segunda-feira, o recebimento da proposta deixou o mercado agitado já que, naquela data, as ações da Hypera despencavam mais de 15% após a divulgação de otimizações de capital que não agradaram o mercado.
A EMS aproveitou o momento de estresse para tentar a fusão. Os planos vieram a público ainda com o mercado aberto, fazendo as ações da Hypera Pharma reverterem a forte queda e fecharem em alta. Em seu recado ao mercado, o conselho de administração lamentou o ocorrido.
“Lamentamos que a proposta tenha sido enviada ao mesmo tempo em que divulgada pela imprensa e ainda com o pregão em curso. Zelamos pelos interesses da Companhia e dos seus acionistas, assim como pelo cumprimento das normas aplicáveis ao mercado de valores mobiliários”, concluem.
Hypera na corda bamba
O anúncio que havia azedado o humor do mercado e feito as ações despencarem antes do recebimento da proposta de fusão foi o de “otimização do capital de giro”. O plano prevê a redução do prazo de pagamento oferecido aos clientes para aumentar sua geração de caixa operacional. Segundo a companhia, a iniciativa tem potencial de um incremento de R$ 2,5 bilhões até 2028 e de R$ 7,5 bilhões nos próximos 10 anos.
A segunda mudança foi uma suspensão das projeções (guidance) feito pela administração. Antes, era esperado um receita líquida de R$ 8,6 bilhões, Ebitda (Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) ajustado de R$ 3 bilhões e lucro líquido de R$ R$ 1,8 bilhões para 2024.
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No comunicado desta quarta-feira, a companhia apontou que segue focada no projeto de otimização de capital e que, segundo a administração, tem potencial para gerar valor no longo prazo.