A criação de vagas de emprego nos Estados Unidos acelerou em setembro e a taxa de desemprego caiu para 4,1%, reduzindo ainda mais a necessidade de o Federal Reserve realizar grandes cortes nos juros em suas duas reuniões restantes deste ano.
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A economia norte-americana abriu 254 mil vagas fora do setor agrícola no mês passado. Em agosto, haviam sido 159 mil, com os dados revisados para cima. As informações são do Departamento do Trabalho no payroll, o relatório de emprego desta sexta-feira (04).
Economistas consultados pela Reuters previam criação de 140 mil postos de trabalho, contra 142 mil em agosto conforme informado anteriormente.
A contagem inicial de agosto tem sido normalmente revisada para cima na última década. As estimativas para os ganhos de empregos em setembro variaram de 70 mil a 220 mil.
Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, o documento reforça a tese de que o mercado de trabalho segue resiliente e afasta por completo as leituras de que os Estados Unidos podem ter algum tipo de recessão. Ele ainda aponta que o dia deve ser de redução de expectativas para o nível de cortes promovidos pelo Fed nas próximas reuniões e uma estimativa de cortes menores também em 2025.
“Essa continuidade nos juros elevados impacta negativamente a demanda global e a lucratividade das empresas, o que não é um bom sinal para a bolsa, já que muitos segmentos da economia necessitam de juros mais baixos”, aponta João Kepler, CEO da Equity Fund Group. Apesar disso, os principais índices americanos iniciam o dia no azul.
Evolução do mercado de trabalho
A desaceleração do mercado de trabalho está sendo impulsionada pela fraqueza das contratações em um cenário de aumento da oferta de mão de obra decorrente principalmente de um aumento na imigração. As demissões permaneceram baixas, o que está sustentando a economia por meio de gastos sólidos dos consumidores.
A média de ganhos por hora aumentou 0,4%, depois de ter crescido 0,5% em agosto. Os salários aumentaram 4,0% em relação ao ano anterior, de alta de 3,9% em agosto.
A taxa de desemprego caiu de 4,2% em agosto. Ela saltou de 3,4% em abril de 2023, em parte impulsionada pela faixa etária de 16 a 24 anos e pelo aumento das demissões temporárias durante as paralisações anuais das montadoras de automóveis em julho.
O que fará o Fed?
O comitê de definição de política monetária do banco central dos EUA deu início ao seu ciclo de afrouxamento monetário com um corte de 50 pontos-base nos juros no mês passado e o chair do Fed, Jerome Powell, enfatizou as preocupações crescentes com a saúde do mercado de trabalho.
Embora o mercado de trabalho tenha recuado um pouco, as revisões anuais dos dados das contas nacionais na semana passada mostraram que a economia está em uma situação muito melhor do que a estimada anteriormente, com melhorias no crescimento, na renda, na poupança e nos lucros das empresas.
Essa melhora no cenário econômico foi reconhecida por Powell esta semana, quando ele se opôs às expectativas dos investidores de outro corte de 50 pontos nos juros em novembro, dizendo que “este não é um comitê que sente que está com pressa para cortar os juros rapidamente”.
O Fed aumentou a taxa de juros em 525 pontos-base em 2022 e 2023 e, no mês passado, realizou seu primeiro corte desde 2020. A taxa de juros está atualmente na faixa de 4,75% a 5,00%.
No entanto, é provável que o mercado de trabalho passe por uma breve turbulência depois que o furacão Helene devastou grandes áreas do sudeste dos EUA na semana passada. Dezenas de milhares de funcionários da Boeing também entraram em greve em setembro, com efeitos indiretos sobre os fornecedores da empresa aeroespacial.
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Uma paralisação de cerca de 45 mil trabalhadores portuários na Costa Leste e na Costa do Golfo terminou na quinta-feira, depois que o sindicato e os operadores portuários chegaram a um acordo preliminar. A greve da Boeing, se persistir além da próxima semana, poderá prejudicar os dados de emprego de outubro, que serão divulgados poucos dias antes da eleição presidencial de 5 de novembro nos EUA.