A farmacêutica Hypera Pharma (HYPE3) despenca nesta segunda-feira (21), com queda superior a 15% e pode precisar de um remédio contra ressaca nos próximos dias. O movimento brusco dos investidores acontece após uma série de anúncios feitos pela empresa na última sexta-feira que foram mal recebidos pelos agentes financeiros.
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A primeira delas foi o que a companhia chamou de projeto de “otimização do capital de giro”. O maior objetivo é reduzir o prazo de pagamento oferecido aos clientes para aumentar sua geração de caixa operacional. Segundo a companhia, a iniciativa tem potencial de um incremento de R$ 2,5 bilhões até 2028 e de R$ 7,5 bilhões nos próximos 10 anos.
“Assim, geramos maior flexibilidade financeira para capturar oportunidades futuras de crescimento orgânico e inorgânico, além de melhoria na eficiência operacional”, afirma a companhia em fato relevante ao mercado.
A segunda mudança feita pela Hypera Pharma foi uma suspensão das projeções (guidance) feito pela administração. Antes, era esperado um receita líquida de R$ 8,6 bilhões, Ebitda (Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) ajustado de R$ 3 bilhões e lucro líquido de R$ R$ 1,8 bilhões para 2024.
Em contrapartida, a companhia também anunciou um programa de recompra de ações de até 7,4% do total de papéis em circulação, algo próximo de 30 milhões de ativos.
O que isso significa?
Aparentemente, a leitura que predomina no mercado é que a Hypera está dando um remédio amargo aos investidores para se prevenir de uma “doença” no futuro.
Para os analistas do Itaú BBA, a mudança inesperada no rumo da condução da estratégia da companhia colocará grande pressão nas estimativas para 2024 e 2025 e, por ora, tende a deixar os investidores cautelosos. Com isso, o banco de investimentos decidiu rebaixar as suas recomendações para os papéis de compra (outperform) para neutro (Market perform).
Em relatório divulgado nesta segunda-feira (21), o banco ressalta que “apesar das características de longo prazo ainda atraentes na tese de investimento, uma abordagem mais cautelosa está sendo adotada no curto prazo até que surjam sinais mais claros de um ponto de inflexão nos resultados”.
Já o JP Morgan acredita que as mudanças possuem um impacto “misto” na tese de investimento. Apesar da falta de guidance pelo segundo ano consecutivo, o crescente foco em um ritmo de crescimento mais sustentável é um acerto para a empresa.
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“Considerando a redução pretendida de contas a receber e a pagar por parte dos principais players da indústria, acreditamos que o plano é ambicioso e improvável de ser aceito pelo mercado ao pé da letra, embora vejamos espaço para melhorias significativas”, concluem.
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