A semana que prometia ser de alívio no mercado, após semanas de cautela, acabou em mais problemas. O tão aguardado pacote fiscal finalmente ganhou vida, mas os termos propostos pelo governo ficaram aquém da expectativa de medidas robustas e capazes de economizar os sonhados R$ 70 bilhões.
O resultado foram dias de forte pressão no câmbio. O dólar à vista renovou o seu recorde nominal histórico seguidas vezes e ultrapassou a casa dos R$ 6,10 nesta manhã. Declarações de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco acalmaram a moeda americana, mas ainda assim o resultado foi um fechamento na casa dos R$ 6 pela primeira vez na história.
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Os investidores estão céticos quanto à execução do arcabouço fiscal. A avaliação é que as medidas serão insuficientes para equilibrar o orçamento. Ao contrário, a percepção é que as mudanças, detalhadas parcialmente pelo Ministério da Fazenda na quinta-feira, vão acelerar e aprofundar a deterioração do equilíbrio fiscal.
Isso porque, além das medidas de contenção de gastos, há também uma proposta para isentar pessoas que ganham até R$ 5 mil. A contrapartida é a cobrança mínima de 10% para quem ganha mais de R$ 50 mil, mas os economistas não estão confiantes de que a medida compensatória será aprovada pelos congressistas.
A sexta-feira se desenhava como mais um dia de tensão, mas Arthur Lira e Rodrigo Pacheco serviram como bombeiros para o mercado financeiro.
Segundo Arthur Lira, presidente da Câmara, os congressistas terão “boa vontade” ao analisar as medidas de corte de gastos e qualquer medida que indique a queda da arrecadação será avaliada apenas no próximo ano.
O representante do Senado, Rodrigo Pacheco, endereçou a proposta de isenção do Imposto de Renda e disse que a aprovação só acontecerá se existir “condições fiscais” para isso.
As declarações foram suficientes para amenizar o ímpeto do câmbio. O dólar à vista, mas ainda assim o dólar à vista encerrou em alta de 0,17%, a R$ 6,0012. Essa é a primeira vez na história que a moeda americana fecha acima da casa dos R$ 6. Na semana, o avanço foi de 3,21%.
Apesar da alta, o Ibovespa conseguiu escapar de mais um dia de perdas. Os heróis do dia foram as ações da Petrobras, em alta de cerca de 2%. O movimento acompanhou a cotação do petróleo no mercado internacional e a busca de investidores por ações mais resistentes ao ambiente fiscal mais adverso.
Assim, o principal índice da bolsa brasileira avançou 0,85%, aos 125.667 pontos. Na semana, o recuo foi de 2,68%
Mais cedo, a pressão na curva de juros levou as negociações do Tesouro Direto a serem interrompidas. As taxas de retorno dos ativos estão em sua máxima histórica.
Em Wall Street
No exterior, a semana foi de menor liquidez e aparentemente tranquilidade. O feriado do Dia de Ação de Graças fechou as bolsas ontem e fez com que Nova York operasse apenas meio período hoje.
Mesmo com a baixa liquidez, o dia foi de ganhos. O Dow Jones avançou 0,42%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq subiram 0,56% e 0,83%, respectivamente.