No início da tarde do domingo (3), o Ministério da Fazenda anunciou que o ministro Fernando Haddad havia desistido de viajar à Europa nesta segunda-feira (4). Haddad permaneceria fora do Brasil até o sábado (9). A notícia está afetando fortemente os mercados nesta manhã. O dólar, que na sexta-feira havia fechado a R$ 5,899, segunda maior cotação nominal da história, está em queda de 1,1% a R$ 5,804. E o Ibovespa, que havia desabado para 128 mil pontos na sexta-feira, está em alta de 1,01% a 129,4 mil pontos.
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A justificativa para uma melhora tão grande é uma reversão das expectativas muito negativas do mercado na sexta-feira. A viagem de Haddad foi mal vista pelos investidores e pelos profissionais de mercado. Há uma grande expectativa quanto ao pacote de corte de gastos por parte do Executivo.
As medidas haviam sido prometidas para depois do segundo turno das eleições municipais, realizado em 27 de outubro. Passou uma semana e nada foi anunciado.
A viagem do ministro postergaria esse anúncio em mais de uma semana. Apesar de Haddad ter dito na quinta-feira (31) que a viagem “não atrapalha” e que a demora “iria melhorar a qualidade do trabalho”, o mercado não entendeu assim. ? “A postergação do anúncio para só depois da viagem frustrou as expectativas, pois se esperava que haveria algum anúncio passadas as eleições”, diz Rodrigo Moliterno, responsável pela renda variável da Veedha Investimentos.
O cancelamento da viagem foi visto como positivo. “Ele mostra que a situação está insustentável e que precisa de prioridade na agenda interna, principalmente no lado fiscal”, diz Gabriel Meira, sócio da Valor Investimentos.
Meira diz acreditar, porém, que qualquer alteração mais estrutural dos preços dos ativos financeiros – juros, dólar e ações – vai depender do anúncio de medidas mais concretas. “Já se chegou a um consenso de que a maior parte das medidas que precisam ser feitas são estruturais e vão ter de passar pelo Congresso”, diz ele.
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Expectativas
Mesmo antes da piora de humor da sexta-feira, os profissionais do mercado já haviam refeito suas projeções prevendo um cenário pior. Nesta manhã, a edição mais recente do Relatório Focus divulgada pelo Banco Central (BC) mostrou um aumento nos juros esperados para 2025, 2026 e 2027. Houve aumentos de 0,25 ponto percentual nos prognósticos para a taxa referencial Selic de dezembro referente a esses três anos.
Os juros previstos para dezembro de 2024 seguem em 11,75%, indicando a expectativa de dois aumentos consecutivos de 0,50 ponto percentual: um na reunião agendada para esta semana e outro na reunião de dezembro.
Porém, a taxa prevista para dezembro de 2025 subiu de 11,25% para 11,50%. A taxa esperada para dezembro de 2026 avançou de 9,50% para 9,75%. E a projeção para dezembro de 2027 subiu de 9,00% para 9,25%.
As projeções de inflação subiram para 2024, 2025 e 2026. A estimativa para este ano avançou de 4,55% para 4,59%, ainda mais distante do teto da meta, que é de 4,50%.
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