O varejo brasileiro desacelerou mais que o esperado no terceiro trimestre. O crescimento foi de 0,5% em setembro em relação ao mês anterior, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta terça-feira (12). Mesmo se recuperando da queda de 0,2% na comparação agosto julho, os números ficaram a baixo da expectativa de crescimento de 1,1%.
Diante disso, o varejo fechou o terceiro trimestre com alta de 0,3% em relação aos três meses anteriores. Mesmo que positivo, o resultado mostra desaceleração em relação aos aumentos de 1,5% e 2,7% do segundo e primeiro trimestre de 2024, respectivamente. Comparando com o mesmo período do ano anterior, o aumento foi de 2,1%, mas também sem alcançar as expectativas de crescer 3,7%.
Leia também
No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças; material de construção e atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, o volume de vendas cresceu 1,8% em setembro sobre agosto.
Cristiano Santos, gerente da pesquisa no IBGE, explica que o varejo foi forte no primeiro semestre do ano, puxando todo o comércio. “Como um todo, o comércio está numa base alta e patamar elevado”, diz.
Esse bom nível que antecedeu a desaceleração do crescimento veio de uma população com maior poder de compra. O mercado de trabalho aquecido, aumento da massa salarial, expansão do crédito e uma inflação ainda controlada ajudaram consumidor, que deve tirar o pé do acelerador, e quem sabe colocar no freio, com o aumento da taxa de juros. Atualmente, a Selic está em 11,25% ao ano, depois de um aumento de meio ponto porcentual.
Móveis e eletrodomésticos caem; artigos de uso pessoal crescem
O IBGE pesquisou sobre a situação de oito atividades do varejo. Metade cresceu e metade diminui nas vendas. São eles: artigos de uso pessoal e doméstico, que aumentou 3,5%; Combustíveis e lubrificantes, que venderam 2,3% a mais; artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, e de perfumaria, com crescimento de 1,6%; e hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, crescendo em relação ao mês anterior 0,3%.
“Ao longo do ano de 2024, o desempenho dos setores de hiper e supermercados e artigos farmacêuticos sustentou o varejo. Isso não foi diferente na passagem de agosto para setembro, o que reflete uma certa concentração do consumo em itens prioritários, como alimentos e medicamentos”, explica Santos.
Já os setores que perderam vendas em relação agosto foram: Móveis e Eletrodomésticos com queda de 2,9%; Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, que diminuíram 1,8%; Tecidos, vestuário e calçados que enxugaram 1,7%; e Livros, jornais, revistas e papelaria, que venderam 0,9% a menos no mês.
Siga o canal da Forbes e de Forbes Money no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
André Valério, economista sênior do Inter, explica que a diminuição das vendas dos consumos discricionário (vestuário, moveis e eletrodomésticos) mostra que o consumo está sendo direcionado para outras áreas. “Mesmo com o mercado de trabalho em níveis recordes de ocupação, o que indica que o aumento na renda disponível das famílias, ela está sendo direcionada para outras necessidades”, pondera.