O Itaú Unibanco diz que o ex-diretor financeiro, Alexandro Broedel Lopes, atuou em “grave conflito de interesses, e em benefício próprio” no relacionamento com um fornecedor de pareceres da companhia a ele relacionado, “agindo em violação às políticas internas e à legislação e à regulamentação aplicável”.
As constatações têm origem em apurações internas finalizadas em 24 de novembro, e foram divulgadas em ata de assembleia geral extraordinária do banco realizada nesta quinta-feira (5), e publicada no jornal O Estado de S.Paulo neste sábado (7).
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De acordo com a ata, Lopes, usando de forma irregular de alçadas e prerrogativas do seu cargo, aprovou pagamento ao fornecedor, cujo nome não foi revelado, no valor histórico total de R$ 10,455 milhões. O valor é distribuído em R$ 3,38 milhões em 2021, R$ 1,85 milhão em 2022, R$ 3,35 milhões em 2023 e R$ 1,875 milhão em 2024.
Segundo o banco, as apurações, presididas por comitê de auditoria, certificaram a ausência de impacto sobre demonstrações financeiras da companhia e de sua controladora. Também apontaram que as condutas permaneceram restritas à companhia, sem afetar outras empresas do conglomerado, e certificaram a ausência de irregularidades quanto à contratação de outros fornecedores de pareceres. Os resultados foram comunicados ao Banco Central e à Pricewaterhouse-Coopers, auditoria independente do Itaú.
Na assembleia, também foi determinado que sejam tomadas “todas as medidas legais cabíveis” contra o ex-administrador, o fornecedor e todos os demais que concorreram para os fatos apurados”, nas esferas administrativa e judicial. Assinam a ata os diretores do banco José Virgilio Vita Neto e Alvaro Felipe Rizzi Rodrigues.
Broedel deixou o Itaú em julho deste ano para “assumir desafios fora do país”, segundo comunicado pelo banco à época. Não foi possível entrar em contato imediatamente com a defesa de Broedel. Ao site Pipeline, do Valor Econômico, o executivo definiu como “infundadas e sem sentido” o alegado pelo Itaú.
Em nota de assessoria reproduzida pelo Pipeline, o executivo afirma que “sempre se conduziu de forma ética e transparente em todas as atividades ao longo dos seus 12 anos no banco – algo nunca contestado pelo Itaú, que tem uma rigorosa e abrangente estrutura de controle e compliance, própria de um grupo financeiro com seu porte e importância na economia brasileira”.