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Cenários
A principal notícia da semana passada foi o dólar ter encerrado os negócios na sexta-feira (29) acima do “nível psicológico” de R$ 6,00. Porém, mais importante do que o número em si são as causas dessa alta e o impacto desse novo patamar do câmbio na economia e na vida dos investidores.
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Começando por uma explicação técnica: a taxa de câmbio é fundamental para o Brasil (e para todos os países emergentes) porque essas economias dependem de poupança externa. Um dólar alto indica aversão dos investidores estrangeiros aos ativos domésticos. Quando isso ocorre chegam menos dólares, o que afeta os negócios.
As empresas que dependem de produtos importados (como petróleo e tecnologia) não podem ficar sem dólares. Por isso elas compram sem olhar o preço. A taxa de câmbio sobe. E entram em cena os especuladores. Eles antecipam esse movimento e fazem compras preventivas, tentando revender mais caro. E esse movimento é perfeitamente legal.
Os últimos dias foram tensos no mercado de câmbio devido à piora das expectativas. A proposta de isentar de imposto de renda os assalariados que ganham até R$ 5 mil por mês provocará uma renúncia fiscal estimada em R$ 70 bilhões em dois anos. Aprovar corte de impostos é algo popular e os políticos gostam, mas a proposta de elevar a tributação sobre quem ganha mais não terá tramitação fácil no Congresso. Por isso, os profissionais do mercado já colocaram um aumento no déficit das contas públicas no cálculo de riscos.
Perspectivas
E agora? O grande problema é que a proposta de aumento do limite de isenção pode indicar uma perigosa guinada populista na política econômica. Nos dias após o anúncio das medidas, as declarações presidenciais mostram o que parece ser um propósito inflexível de aplicar a isenção mesmo que não haja folga fiscal para tanto.
Mesmo que a proposta seja desidratada durante sua tramitação no Congresso, a probabilidade de uma guinada populista na política econômica é um risco novo e grave. Risco custa caro – em dois dias, o valor de mercado das companhias abertas brasileiras encolheu R$ 172 bilhões – e afeta as expectativas, entre elas o câmbio. Por isso, o mercado está na dependência das notícias que envolvem essa proposta de isenção fiscal. E o dólar seguirá como o principal indicador de expectativas.
Indicadores
- Brasil
Relatório Focus
PMI Industrial S&P Global (Nov)
Esperado: ND
Anterior: 52,9
- Estados Unidos
PMI Industrial (Nov)
Esperado: 48,8
Anterior: 48,5
PMI Industrial ISM (Nov)
Esperado: 47,7
Anterior: 46,5