A dívida pública bruta do Brasil fechou 2024 em patamar abaixo do esperado pelo mercado, com ajuda da venda de reservas internacionais pelo Banco Central em dezembro para fazer frente a uma forte volatilidade cambial diante da saída de dólares do país e questionamentos sobre a política fiscal do governo.
A dívida pública bruta do país como proporção do PIB fechou dezembro em 76,1%, contra 77,7% no mês anterior. A expectativa em pesquisa da Reuters era de 77,0% para esse indicador.
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O resultado no fechamento do ano é 2,2 ponto percentual mais alto do que o observado no encerramento de 2023, quando ficou em 73,8% do PIB.
Já a dívida líquida foi a 61,1%, de 61,2% em novembro, enquanto as projeções de mercado apontavam para um resultado de 61,0%.
As intervenções do BC, incluindo a venda de dólares à vista, somaram mais de US$ 30 bilhões em dezembro.
Ao fazer vendas de reservas internacionais, o BC reduz o volume de reais em circulação na economia e, como consequência, ajusta a liquidez no mercado ao reduzir a oferta de operações compromissadas — venda de títulos públicos com compromisso de recompra. Esse movimento acaba reduzindo a dívida pública bruta.
No último mês do ano, o setor público consolidado registrou um superávit primário de R$ 15,745 bilhões, acima da expectativa de economistas consultados em pesquisa da Reuters de um saldo positivo de R$ 10,2 bilhões.
O desempenho mostra que o governo central teve saldo positivo de R$ 26,728 bilhões, enquanto Estados e municípios registraram déficit primário de R$ 12,018 bilhões e as estatais tiveram superávit de R$ 1,035 bilhão, mostraram os dados do BC.
No acumulado de 2024, o setor público teve um déficit de R$ 47,553 bilhões. O dado é composto por um saldo negativo de R$ 45,364 bilhões do governo central, um superávit de R$ 5,885 bilhões dos governos regionais e um déficit de R$ 8,073 bilhões das empresas estatais.
Na quinta-feira (30), o Tesouro Nacional afirmou que o resultado do governo central cumpriu o objetivo para o ano após a exclusão de créditos extraordinários que não são computados na meta, principalmente os desembolsos para mitigar os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul.
O déficit primário, segundo o Tesouro, ficou em 0,09% do PIB, próximo à meta de déficit zero, que tem tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB.