Esta quinta-feira (30) foi um dia positivo para o Ibovespa e o real ante o dólar. O indicador teve uma alta de quase 3%, enquanto a moeda americana foi perdendo força diante da repercussão positiva quanto á decisão do Banco Central (BC) sobre os aumentos da Selic e às declarações positivas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao ministro da Fazenda Fernando Haddad e ao presidente do BC Gabriel Galípolo.
O Ibovespa encerrou o dia com valorização de 2,82%, acumulando 126.912,78 pontos. Assim, ele se encaminha para o fim de janeiro com alta de 5,51% .Já o dólar à vista foi a R$ 5,8565, um decréscimo de 0,2%, o nono consecutivo. Por consequência, o resultado ante à moeda americana é o menor desde o final de novembro do ano passado, quando ficou na casa de R$ 5,80. Somente em janeiro, o dólar acumula uma queda de 5,7%.
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Inicialmente, a projeção do BC para maio, de não promover acréscimo de 100 pontos-base, somada à manutenção da faixa do juros americano feita pelo Federal Reserve (Fed), impulsionou a moeda para mais de R$ 5,90. Parte do mercado classificou a decisão do Banco Central como insuficiente para controlar a inflação, algo que também repercutiu nos prêmios dos Depósitos Interfinanceiros (DIs). No entanto, as taxas dos DIs tiveram forte queda, o que fortaleceu o real ante o dólar. Além disso, o recuo dos rendimentos dos Treasuries no exterior, após o Banco Central Europeu (BCE) cortar os juros e a desvalorização do dólar em relação à boa parte das demais divisas também impactaram nas cotações no Brasil.
Entrevista em Boa Hora
O quadro favorável ganhou ainda mais força com a boa recepção do mercado diante das declarações de Lula, em Brasília, durante entrevista coletiva. O presidente afirmou que Haddad é um “ministro extraordinário”, rebatendo críticas feitas na véspera ao ministro pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab.
Além disso, Lula esclareceu que a decisão de reajustar o diesel é da Petrobras e que a estatal não precisa avisá-lo sobre isso. Em outro momento, mantendo-se dentro da “cartilha” do mercado, ele declarou ter consciência de que Galípolo, não pode dar um “cavalo de pau” nos juros.
Inabalável
No penúltimo pregão do mês o governo central registrou um superávit primário de R$ 24,026 bilhões em dezembro, acumulando um saldo negativo de R$ 43,004 bilhões em 2024, ou 0,36% do PIB, segundo o Tesouro Nacional. Nem o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que irá impor uma tarifa de 25% sobre as importações do México e do Canadá minou o fôlego no pregão brasileiro.
Os números, no entanto, não incluem despesas extraordinárias que não serão contabilizadas na apuração da meta fiscal, como os gastos para mitigar efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul. Ao excluir essas despesas, o déficit do ano cai a R$ 11,032 bilhões.
A meta fiscal de 2024 é déficit primário zero, com tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB. A contabilização para fins de avaliação do cumprimento do alvo é feita pelo BC e o resultado será conhecido na sexta-feira (31).
Destaques
– MAGAZINE LUIZA ON disparou 12,59%, embalada pelo alívio na curva futura de juros no Brasil na esteira da decisão do BC, que favoreceu ações de varejo como um todo. O índice do setor de consumo na B3 avançou 3,01%.
– MRV&CO ON fechou com acréscimo de 4,95%, com ações de construtoras também favorecidas pelo movimento na curva futura de juros. O índice do setor imobiliário encerrou em alta de 3,94%.
– VALE ON subiu 4,22%, ainda sem a referência dos futuros do minério de ferro na China, enquanto, em Cingapura, o contrato de referência subiu 1,4%.
– PETROBRAS PN avançou 1,33%, após divulgar estimativas de reservas provadas de óleo, condensado e gás natural de 11,4 bilhões de barris de óleo equivalente no final 2024. Também anunciou elevação do querosene de aviação.
– BRADESCO PN saltou 5,47%, com o setor acompanhando o viés comprador na bolsa. ITAÚ UNIBANCO PN ganhou 2,44%, BANCO DO BRASIL ON avançou 0,73% e SANTANDER BRASIL UNIT valorizou-se 3,83%.
– BRASKEM PNA caiu 2,21%, entre as poucas quedas do dia, em mais um pregão de ajustes, o terceiro seguido, após forte valorização desde o começo do ano. Até a segunda-feira, o papel subia quase 29% em janeiro.