Nesta temporada de festas, o maior varejista do mundo, o Walmart, colocou à venda online duas coleções, a KAMUGO e a Aidrani. Ambas apresentam uma série de bolsas de couro que se assemelham bastante a uma das mais famosas — senão a mais famosa — bolsas do mundo: a Hermès Birkin.
O que é uma bolsa Birkin?
A Hermès Birkin é mais do que apenas um acessório, é um símbolo globalmente reconhecido de status e riqueza. Os preços que variam entre US$ 10 mil (R$ 61,,8mil) e US$ 400 mil (R$ 2,47 milhões). Além de serem difíceis de adquirir por sua exclusividade, essas bolsas se tornaram tão caras que seu valor cresceu mais do que o índice S&P 500 e o preço do ouro, alcançando um retorno sobre o investimento de 500% ao longo de 35 anos.
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Já as versões disponíveis no Walmart foram lançadas com preços entre US$ 78 (R$ 482,04) e US$ 102 (R$ 630,36), oferecendo diferentes estilos e opções de cores, como verde, laranja, azul e cinza ferro. Essas bolsas estão ganhando destaque nas redes sociais devido à sua semelhança com as cobiçadas bolsas Hermès Birkin.
Embora o Walmart não tenha, em nenhum momento, chamado as bolsas de Birkin, seja direta ou indiretamente, a internet formou sua própria opinião. O acessório está sendo apelidado de “Bolsa Birkin do Walmart” ou “Wirkin” (uma combinação de “Walmart” e “Birkin”) e é visto como uma alternativa acessível à Hermès Birkin.
Críticos de ambos os lados têm se manifestado. Alguns consumidores preocupados com o orçamento estão celebrando a oportunidade de adquirir uma bolsa parecida com a que sempre desejaram, enquanto celebridades e proprietários de bolsas Birkin estão questionando como esse item chegou ao mercado, dado seu design estrutural e estético semelhantes às características da Birkin original.
Segundo Angelique Chamberlain, colecionadora de longa data da Hermès e entusiasta da marca, existe toda uma cultura e um processo para comprar as bolsas mais exclusivas da Hermès — Birkin, Kelly e Constance. “Na maioria das vezes, você não pode simplesmente entrar na loja e comprar uma bolsa. Você trabalha junto com o vendedor da Hermès para escolher o couro, os metais, a cor e o estilo da sua bolsa. Não se trata apenas de quanto você gasta na loja — é também sobre o amor e a apreciação pela marca”, afirma.
Além disso, Chamberlain acredita que a bolsa ‘Wirkin’ do Walmart, que se parece com a Birkin, não é luxo, considerando o preço. “Embora a febre no TikTok pela ‘Wirkin’ logo desapareça da cultura, se você é colecionador de bolsas acessíveis, a ‘Wirkin’ é uma escolha fofa.”
O inclusivo afeta a exclusividade?
Com base na minha experiência, posso afirmar que existe um debate antigo e contínuo sobre as mudanças no universo do luxo. Qual é o equilíbrio entre inclusividade e exclusividade em relação a linhas de produtos, faixas de preço e a quantidade e disponibilidade de uma coleção específica? Uma das grandes questões é: itens exclusivos deveriam ser vendidos online? Essas conversas geralmente acontecem entre as lideranças, em espaços internos e seguros, então esse diálogo público é algo diferente.
Embora a marca Walmart não seja tão exclusiva quanto a Hermès, ela é muito poderosa e influente no que diz respeito às decisões de compra dos consumidores. E, dado o fato de que estão vendendo essa bolsa, mesmo que seja por meio de terceiros, não há dúvida de que sua marca está contribuindo para a popularidade da “Wirkin”. Por outro lado, a Hermès vem enfrentando a criação de imitações de seus produtos.
Embora se possa argumentar que a maioria das pessoas que pode comprar uma Birkin não faz compras no Walmart, e que aquelas que compram no Walmart geralmente não podem pagar por uma Birkin, isso estaria errado. Com base nos últimos resultados financeiros, o Walmart está conquistando consumidores de renda mais alta. E, claro, há pessoas que, mesmo podendo pagar por uma Birkin, escolheriam gastar esse dinheiro em outra coisa.
Para Chamberlain a “Wirkin” não terá impacto na Birkin em si. “Ser convidado a comprar uma bolsa Hermès é como ser convidado a comprar uma obra de arte. É uma comunidade exclusiva da qual fazer parte — e não acho que isso mudará”, explica a colecionadora.