A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou alta de 0,16% em janeiro. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) esse foi o menor avanço do IPCA para um mês de janeiro desde o início do Plano Real. O número ficou abaixo do esperado pelos economistas consultados pela Reuters (0,17%).
A média de núcleos — que excluem os itens mais voláteis foi de 0,61%, contra expectativa de 0,62%.
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As maiores pressões inflacionárias vieram do grupo de Transportes (+1,30% e impacto de 0,27 ponto percentual no índice cheio) e Alimentação (0,96% com impacto de 0,21 p.p). Já o grupo de Habitação (-3,08%) levou a uma queda de 0,46 p.p no número cheio.
As passagens aéreas foram os principais vilões no grupo de transportes. Os alimentos — uma grande preocupação do governo — teve o seu quinto aumento consecutivo. As altas da cenoura, tomate e café foram os principais influenciadores. A forte alta no preço do café, aliás, tem sido tema frequente de debate nas redes sociais nas últimas semanas.
Para Leonardo Costa, economista do ASA, a principal surpresa positiva foi o crescimento abaixo do esperado dos preços da energia elétrica e de bens industrializados.
O economista vê o número abaixo do esperado com uma diferença muito modesta e, diante das pressões dos últimos meses, insuficiente para segurar o processo inflacionário em curso. O setor de serviços, monitorado de perto pelo Banco Central pela sua resistência aos ajustes da política monetária, segue elevado (com uma taxa móvel de 7,8% nos últimos três meses).
“O IPCA mais ameno de janeiro deve dar lugar a uma taxa mensal mais pressionada em fevereiro, com o fim do desconto sobre a energia elétrica, o aumento do imposto estadual sobre os combustíveis e o reajuste sazonal dos serviços de educação”, explica Costa. “A dinâmica inflacionária segue preocupante, o que, combina com com a deterioração das expectativas, deve garantir a continuidade do ciclo de elevação da Selic”.
Para Étore Sanchez, da Ativa Investimentos, a composição da inflação continua apontando para um cenário de sobreaquecimento, mas sem grandes surpresa, “o que sugere impacto limitado sobre o curso da política monetária”.