
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (07) a leitura final do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do quarto trimestre com uma surpresa negativa — uma desaceleração maior do que a esperada pelo mercado nos últimos três meses do ano.
O crescimento no período foi de 0,2%, contra a expectativa de 0,4% dos economistas. No ano, o PIB teve um crescimento de 3,4%, a R$ 11,7 trilhões. Esse é o maior crescimento anual registrado desde o fim da pandemia do coronavírus.
A última pesquisa Focus de 2024 indicava um crescimento de 3,49%. Em 2024, o PIB per capita subiu 3%, indo a R$ 55.247,45.
Para o resultado do quarto trimestre, o setor de agropecuária foi o maior responsável pela desaceleração do crescimento. O grupo teve um recuo de 2,3% no período. A explicação está no fraco desempenho das safras de laranja, fumo, trigo e cana no período. O setor de serviços também cresceu menos do que o esperado, subindo 0,1% apenas.
Apesar do número mais fraco, Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez, aponta que o resultado agregado mostra uma economia aquecida. “O ano de 2025 deve marcar uma desaceleração do ritmo de crescimento na esteira do que foi confirmado pela divulgação de hoje”, aponta. Para ele, embora a desaceleração seja ordenada e, de certa forma, conduzida pelo Banco Central, cresce a apreensão sobre a potencial reação política quando os dados começarem a confirmar menor dinamicidade na economia, especialmente no mercado de trabalho.
Para este ano, Leonardo Costa, economista do ASA, projeta um crescimento de 1,5%, com forte desaceleração da atividade doméstica na segunda metade do ano. Guilherme Sousa, da Ativa Investimentos, é mais pessimista. “Entendemos que o resultado do trimestre é um presságio para as próximas divulgações, ainda mais com a perspectiva de desaceleração do crescimento dos gastos do governo, que, em tese, deve enfrentar o gargalo fiscal. Deste modo, mantemos nossa projeção de PIB em 1,0% em 2025”, conclui.