
William “Bill” Chisholm acaba de fechar o maior negócio da história do esporte profissional, liderando um grupo de investidores na compra do Boston Celtics, da NBA, por US$ 6,1 bilhões (R$ 34,8 bilhões).
Chisholm e seus co-investidores estão adquirindo os atuais campeões da NBA da família Grousbeck, de Boston, que comprou os Celtics por US$ 360 milhões (R$ 2,05 bilhões) em 2002 e administrou a equipe à medida que seu valor de mercado disparou. A Forbes avaliou os Celtics em US$ 6 bilhões (R$ 34,2 bilhões) em outubro, tornando Irving Grousbeck e sua família bilionários, com um patrimônio de US$ 2,2 bilhões (R$ 12,5 bilhões).
Como esse executivo de private equity, pouco conhecido pelo público, conseguiu essa façanha? Principalmente por meio de décadas de negociações discretas — comprando, melhorando e vendendo empresas de software empresarial com lucros muitas vezes exorbitantes.
A Forbes calcula que o patrimônio de Chisholm ultrapasse os US$ 3 bilhões (R$ 17,1 bilhões), acima da estimativa anterior de pelo menos US$ 1 bilhão (R$ 5,7 bilhões). A revisão para cima se baseia em novas informações que indicam um valor maior para a STG Partners, da qual Chisholm detém cerca de 60%. Ele possui pelo menos quatro casas e apartamentos na Califórnia e em Nova York, avaliados em cerca de US$ 30 milhões (R$ 171 milhões), além de uma propriedade em Nantucket, de acordo com o Boston Globe. Um porta-voz de Chisholm recusou-se a comentar sobre sua fortuna.
O início
Formado por Dartmouth e Wharton, Chisholm dirigia uma pequena empresa de capital de risco quando, em 2002, o bilionário do Vale do Silício Romesh Wadhwani o trouxe como parceiro sênior de investimentos para uma nova firma de private equity voltada para software, a Symphony Technology Group.
Nos 15 anos seguintes, segundo Wadhwani contou à Forbes, a Symphony investiu US$ 1,6 bilhão (R$ 9,1 bilhões) e retornou US$ 10 bilhões (R$ 57 bilhões) aos investidores. A firma comprava empresas de software de médio porte, aprimorava suas operações sem recorrer a dívidas excessivas e as vendia por múltiplos muito mais altos do que havia pago. A Symphony fundou quatro empresas e adquiriu outras 21.
Um de seus negócios mais marcantes foi a compra da empresa de pesquisa de mercado Information Resources — posteriormente renomeada como iRi e agora chamada Circana — por menos de US$ 120 milhões (R$ 684 milhões) em 2003, vendendo a maior parte da companhia em 2011 por uma avaliação de US$ 1 bilhão (R$ 5,7 bilhões).
“Nos concentramos na criação de valor por meio da melhoria operacional, em vez do uso de dívidas”, disse Wadhwani. “Eu não queria usar engenharia financeira.”
Em 2017, Chisholm assumiu o comando da companhia e a rebatizou como STG Partners. Atualmente, ela administra US$ 11,7 bilhões (R$ 66,7 bilhões) em ativos e Chisholm, aos 56 anos, detém mais de 50% do capital total. A Petershill Partners, uma subsidiária do Goldman Sachs que compra participações em empresas de private equity, investiu US$ 60 milhões (R$ 342 milhões) na STG em 2021 por uma participação minoritária.
Magnata da NBA
Nascido em Georgetown, Massachusetts, Chisholm assistiu ao seu primeiro jogo dos Celtics em seu sétimo aniversário. “Sou um torcedor fanático desde então. Meu sangue é verde. Eu amo os Celtics”, disse ele a Shams Charania, da ESPN.
Ele já demonstrava essa paixão por verde na época de Dartmouth, onde jogou pelo time de futebol masculino e conquistou os títulos da Ivy League em 1988 e 1990. Chisholm conheceu sua esposa, Kimberly Ford, em Dartmouth. Eles têm três filhos e, agora, um retorno para Boston parece inevitável. “Entendo como os Celtics são importantes para a cidade e estou pronto para esse desafio”, afirmou Chisholm.
A NBA exige que o principal proprietário de uma equipe detenha pelo menos 15% das ações, o que significa que Chisholm provavelmente desembolsará ao menos US$ 915 milhões (R$ 5,2 bilhões) por sua participação no Celtics. No entanto, ele pode não precisar pagar esse valor de imediato, já que a compra será feita em duas etapas.
O filho de Irving Grousbeck, Wyc Grousbeck, permanecerá como CEO e governador dos Celtics até a temporada 2027-2028, quando a segunda parte da venda será concluída.
Outros investidores do grupo incluem a empresa de private equity Sixth Street Partners, Bruce Beal Jr. (presidente da incorporadora nova-iorquina Related Companies) e o atual acionista minoritário dos Celtics, Rob Hale, bilionário do setor de telecomunicações em Boston. Beal, que ingressou na Related Companies em 1995, também é proprietário minoritário do Miami Dolphins, da NFL, e manteve sua participação após Stephen Ross vender 13% do time (além do Hard Rock Stadium e do Grande Prêmio de Miami da Fórmula 1) em um negócio avaliado em US$ 8,1 bilhões (R$ 46,2 bilhões) em dezembro.
Hale afirmou que aumentará sua participação nos Celtics, mas não revelou qual será sua fatia. “É maior do que uma caixa de pão”, brincou. Ele disse que nunca tinha ouvido falar de Chisholm até ser apresentado a ele por banqueiros que fizeram uma “busca extensa” por compradores em potencial. Questionado sobre por que aceitou formar parceria com alguém que não conhecia, Hale respondeu: “Me encontrei com Bill dezenas de vezes. Tive uma confiança muito alta nele e nos demos bem imediatamente. Assim que você o conhece, percebe que ele é um cara muito legal, realizado e modesto. Ele imediatamente se mostra um líder ético, compassivo e focado.”
Chisholm pode ainda estar em busca de mais investidores. Na quinta-feira, ele ofereceu a um bilionário a oportunidade de comprar uma participação no time, segundo o próprio bilionário.
Essa busca por parceiros não deve ser difícil. Segundo Wadhwani, Chisholm “tem ótimos instintos de negócios, é extremamente rigoroso na due diligence e muito carismático ao lidar com os vendedores”, referindo-se às empresas de software.