
O Banco Central Europeu cortou as taxas de juros conforme esperado nesta quinta-feira (6), e manteve a porta aberta para mais reduções, mesmo com a iminente guerra comercial com os Estados Unidos e os planos para aumentar os gastos militares que podem provocar a maior reviravolta na política econômica da Europa em décadas.
Afrouxando a política monetária pela sexta vez desde junho, o BCE reduziu sua taxa de depósito para 2,5%, em um aceno à desaceleração da inflação e à fraqueza do crescimento, e disse que os juros ainda estão restringindo o crescimento, mesmo que menos do que no passado.
Essa redação sugere que mais cortes nas taxas podem estar por vir, já que o banco há muito tempo declarou que a restrição não é mais necessária, enquanto a inflação, de 2,4% no mês passado, está voltando com segurança para sua meta de 2% este ano.
“A política monetária está se tornando significativamente menos restritiva”, disse o BCE em um comunicado, alterando sua orientação anterior de que as taxas continuavam restritivas.
A linguagem sutil significa que outro corte nos juros em abril não é uma certeza, já que alguns argumentam a favor da cautela.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que esse último corte teve amplo apoio, sendo que apenas o chefe do banco central austríaco, Robert Holzmann, se absteve. Ela afirmou que o BCE não irá se comprometer previamente com mais movimentos.
“Se os dados nos indicarem que para alcançar (nosso) destino a política monetária apropriada deve ser cortar, faremos isso”, disse ela em sua entrevista à imprensa regular.
“Se, por outro lado, os dados indicarem que esse não é o caso, então não cortaremos e daremos uma pausa.”
Lagarde disse que o banco está observando as mudanças nas regras fiscais anunciadas esta semana pela Alemanha e a Comissão Europeia para impulsionar os gastos com defesa e infraestrutura
“Esse trabalho está em progresso. Temos que estar atentos e vigilantes, e entender como isso vai funcionar”, disse ela.
O BCE reduziu sua previsão de crescimento econômico para 2025 pela quarta vez consecutiva nesta quinta-feira, colocando a expansão em 2025 em apenas 0,9%, apenas um pouco acima do ritmo de 0,7% registrado no ano passado.
Enquanto isso, a inflação foi estimada em 2,3% este ano, acima dos 2,1% registrados há três meses.
“As revisões para baixo (no crescimento) para 2025 e 2026 refletem as exportações mais baixas e a fraqueza contínua no investimento, em parte originada da alta incerteza da política comercial, bem como da incerteza política mais ampla”, disse.
O nível de incerteza na economia global é algo que Lagarde falou diversas vezes em sua entrevista.
Uma guerra comercial com os Estados Unidos está se aproximando e as empresas já estão retendo seus investimentos, aguardando clareza sobre as medidas a serem direcionadas à União Europeia e como as tarifas impostas a outros países poderiam redirecionar os fluxos comerciais.