A família Mansur, controladora do Banco Industrial do Brasil e que tem investimentos no setor imobiliário e na geração de energia, associou-se à empresa finlandesa Wärtsilä (pronuncia-se “Vatsila”) Corporation para gerar eletricidade a partir do etanol. Para isso, a empresa está testando um grupo gerador localizado no porto pernambucano de Suape, com capacidade para gerar 30 megawatts/hora (Mwh) em energia térmica.
A COP30, agendada para novembro, levou a a uma alteração nas regras e o etanol entrou na lista de matérias-primas permitida. “O Brasil tem vantagens muito grandes na produção de biocombustíveis, e faz todo o sentido aproveitar isso para a eletricidade”, diz Håkan Agnevall, CEO da Wärtsilä. “O etanol será muito importante na produção de energia, tanto para uso interno quanto na exportação, por meio do hidrogênio verde.”
Fundada há 190 anos como uma serraria no interior da Finlândia, a Wärtsilä está há 35 anos no Brasil e, por aqui, atua principalmente na geração de energia e na produção e manutenção de motores para a indústria naval. A empresa já era responsável pela manutenção do gerador controlado pela família Mansur em Suape. “Eles nos apresentaram a proposta de geração por meio do metanol e fez todo o sentido”, diz Carlos Alberto Mansur Filho, acionista do grupo. “Agora, vamos testar o etanol anidro e o hidratado.”
Energia térmica
O equipamento produzido pela Wärtsilä e instalado em Suape deverá funcionar por 4 mil horas a partir de abril de 2026. “Se o projeto provar ser viável, vamos ampliar a geração”, diz Mansur. A energia vinda do etanol terá o mesmo papel da eletricidade gerada por meio de outras fontes térmicas, como óleo, gás, carvão e biomassa, e será injetada na rede nos momentos em que a geração hidrelétrica cair. “O Brasil tem muita competitividade nesse combustível; a oferta do etanol é ampla, há vários produtores e o mercado é maduro e estabilizado”, diz Mansur.
Agnevall avalia que o campo é vasto: a crise provocada pelo corte do suprimento de gás da Rússia após a invasão da Ucrânia, em 2022, convenceu os países da Europa da necessidade de buscar fontes alternativas de eletricidade. “O Brasil pode se tornar um líder nessa indústria.”
