
A Natura&Co anunciou nesta segunda-feira (17) que seu conselho de administração aprovou um programa de recompra de ações, após os seus papéis perderem quase um terço de valor na última sessão, o equivale a mais de R$ 5 bilhões em valor de mercado. A queda abrupta foi motivada pelo resultado do último trimestre, que desapontou.
A companhia afirmou em fato relevante que o programa envolverá até 52,6 milhões de ações, o equivalente a até 6,2% do total em circulação, e terá duração de 12 meses. A empresa usará os recursos de “montante global de reservas de capital” para as aquisições. No comunicado, a Natura afirma que “possui reserva de capital em valor suficiente para a execução do programa de recompra de ações”.
Relembre prejuízo
No quarto trimestre, a Natura registrou prejuízo líquido de R$ 438,5 milhões, uma redução de 83,5% em relação ao resultado negativo de R$ 2,7 bilhões no mesmo período de 2023, mas a margem bruta caiu 0,5 ponto, para 62,9%, enquanto a margem Ebitda recorrente cedeu 0,7 ponto, a 9,1%.
“A rentabilidade da Natura&Co desapontou tanto na margem bruta como na margem Ebitda ajustada”, afirmaram analistas do Bradesco BBI em relatório a clientes, também chamando a atenção para o aumento das despesas gerais e administrativas como percentual da receita, que subiram 5,1 pontos, para 12,2%.
O diretor-executivo para a América Latina da Natura, João Paulo Ferreira, disse em teleconferência com analistas na sexta-feira (14) que a rentabilidade do quarto trimestre “também nos frustra”, reforçando que a companhia está “absolutamente” comprometida com a expansão de rentabilidade e geração de caixa.
A Natura&Co também continua avaliando alternativas para a Avon Internacional e “tudo está na mesa”, afirmou o diretor financeiro da fabricante de cosméticos, Guilherme Castellan, acrescentando que se trata da última fase da transformação da companhia.
“Seguimos hoje falando sem exclusividade, mas a venda é uma alternativa. Existe uma potencial alternativa também de junção com alguém de ‘partnership'”, afirmou o executivo na mesma teleconferência. “O fato é que, quando olhamos para a frente, repetindo o que temos falado, não vemos hoje sinergias da Avon Internacional com a Avon América Latina”, acrescentou.
O executivo ressaltou, contudo, que a companhia não está “parada” esperando algo acontecer e tem trabalhado para reduzir o consumo de caixa da unidade, que teve pedido de recuperação registrado nos Estados Unidos por meio do processo conhecido como “Chapter 11”.