
Bom dia. Estamos na quinta-feira, 13 de março.
Cenários
Os investidores se concentram nos desdobramentos da guerra comercial deflagrada na noite da terça-feira (11) por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. Na quarta-feira (12) ele ameaçou retaliar a resposta da Europa às tarifas de 25% impostas por Washington sobre as importações de aço e alumínio.
Com a entrada em vigor das novas tarifas americanas na quarta-feira, a União Europeia (UE) anunciou que aplicará tarifas de retaliação sobre € 26 bilhões (R$ 164 bilhões) em produtos americanos a partir de abril.
Mais tarde, no mesmo dia, Trump afirmou que responderia à retaliação com novas tarifas. Ele disse a jornalistas que a Casa Branca adotaria “tarifas recíprocas, então qualquer valor que eles nos cobrarem, nós cobraremos deles. Ninguém pode reclamar disso.”
Questionado se tomaria uma medida de reciprocidade, Trump respondeu “É claro. Nosso problema é não termos retaliado antes. Ele repetiu que a UE foi “criada para tirar vantagem dos Estados Unidos”.
Os desequilíbrios comerciais são uma das maiores queixas de Trump em relação aos parceiros comerciais internacionais. Embora o presidente tenha imposto tarifas ao México, à China e ao Canadá no início de seu segundo mandato, a União Europeia (UE) até o momento escapou de sanções diretas.
No entanto, o bloco está claramente no radar de Trump, que ameaçou impor tarifas de 25% e criticou a UE pelos desequilíbrios comerciais com os Estados Unidos.
Dados da Comissão Europeia, braço executivo da UE, indicam que o bloco teve um superávit comercial de € 155,8 bilhões (R$ 985,6 bilhões) em bens com os EUA em 2023, mas registrou um déficit de € 104 bilhões (R$ 657,3 bilhões) em serviços. No total, o comércio de bens e serviços entre UE e EUA alcançou € 1,6 trilhão (R$ 10,1 trilhões) no ano passado.
Máquinas e veículos representam a maior parte das exportações da UE para os EUA por categoria de produto, seguidos por produtos químicos, outros bens manufaturados e produtos medicinais e farmacêuticos.
As tensões entre Washington e Bruxelas vêm crescendo desde a posse de Trump em janeiro, quando o presidente dos EUA deu sinais imediatos de que pretendia impor tarifas ao bloco.
“Eles realmente tiraram vantagem de nós”, disse Trump em uma reunião de gabinete no dia 26 de fevereiro, acrescentando: “Eles não aceitam nossos carros, essencialmente não aceitam nossos produtos agrícolas. Usam todos os tipos de justificativas para isso. E nós aceitamos tudo deles.”
Após impor tarifas de 25% sobre aço e alumínio na quarta-feira — medida que, segundo a UE, afetará até € 26 bilhões (R$ 164,8 bilhões) em exportações do bloco para os EUA —, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que a UE “precisa agir para proteger empresas e consumidores.”
“Lamentamos profundamente essa decisão [dos EUA]. Tarifas são impostos, são ruins para os negócios e piores para os consumidores, desorganizam as cadeias de suprimentos, geram incerteza para a economia, ameaçam empregos, aumentam os preços, e ninguém precisa disso, nenhum dos lados precisa disso”, declarou em entrevista coletiva.
Os laços comerciais entre EUA e UE “são os maiores do mundo”, disse von der Leyen, acrescentando que essa relação já trouxe “prosperidade e segurança para milhões de pessoas” e resultou na criação de empregos em ambos os lados do Atlântico.
A estratégia de resposta da UE será aplicada em duas frentes: a reimposição de tarifas anteriormente suspensas sobre € 8 bilhões (R$ 50,6 bilhões) em exportações dos EUA e uma série de novas contramedidas sobre € 18 bilhões (R$ 113,8 bilhões) em produtos americanos — um movimento que von der Leyen descreveu anteriormente como “forte, mas proporcional.”
Perspectivas
Além da atenção às notícias e declarações sobre tarifas comerciais, os investidores estarão atentos aos números da inflação americana de atacado referente a fevereiro. Na quarta-feira (12) o Consumer Price Index (CPI) de fevereiro veio abaixo do esperado. A inflação em 12 meses recuou para 2,8% ante os 3,0% nos 12 meses até janeiro, e o resultado ficou abaixo das expectativas, que eram de 2,9%.
O núcleo do CPI, que não considera os preços mais voláteis dos alimentos e da energia, também recuou. A inflação acumulada em 12 meses até fevereiro desacelerou para 3,1% ante os 3,3% nos 12 meses até janeiro, e também ficou abaixo das estimativas de 2,9%.
Isso aliviou os investidores, que passaram a ver mais espaço para afrouxamentos na política monetária pelo Federal Reserve (FED), o banco central americano, que fará sua segunda reunião de 2025 na próxima semana.
Indicadores
- Brasil
Pesquisa Mensal de Serviços (Jan)
Esperado: ND
Anterior: -0,5%
Pesquisa Mensal de Serviços (12m)
Esperado: ND
Anterior: 2,4%
- Estados Unidos
Pedidos iniciais de seguro desemprego
Esperado: 226 mil
Anterior: 221 mil
Inflação ao Produtor / IPP (Fev)
Esperado: 0,3%
Anterior: 0,4%
Inflação ao Produtor / IPP (12m)
Esperado: 3,3%
Anterior: 3,5%
Núcleo da Inflação ao Produtor / IPP (Fev)
Esperado: 0,3%
Anterior: 0,3%
Núcleo da Inflação ao Produtor / IPP (12m)
Esperado: 3,6%
Anterior: 3,6%