As ações da Kering, holding francesa do setor da moda e luxo, despencaram nesta sexta-feira (14) após a empresa anunciar que Demna Gvasalia assumirá o cargo de novo diretor artístico da linha de moda Gucci, que enfrenta dificuldades.
Gvasalia, conhecido na indústria apenas como Demna, já fazia parte do grupo Kering, atuando na Balenciaga. Ele substitui Sabato De Sarno, cuja saída foi anunciada no mês passado.
Às 9h21 no horário de Londres, as ações caíam 12,4%. Segundo a Reuters, essa é a maior queda no preço dos papéis da empresa desde outubro de 2008.
“A contribuição de Demna para a indústria, para a Balenciaga e para o sucesso do Grupo tem sido enorme. Seu poder criativo é exatamente o que a Gucci precisa”, declarou François-Henri Pinault, presidente e CEO da Kering, em comunicado.
Campanha polêmica
Demna, natural da Geórgia e primeiro diretor artístico não italiano da Gucci desde Tom Ford, trabalhou por quase uma década na Balenciaga, uma das marcas menores do grupo Kering. Ele é reconhecido por trazer o streetwear para o universo do luxo.
No entanto, ele esteve envolvido em uma polêmica em 2022, após uma campanha publicitária que mostrava crianças e itens de práticas sexuais como bondage. Uma das peças publicitárias mostrava uma criança segurando uma bolsa em formato de urso de pelúcia com tiras no estilo bondage, enquanto outra incluía papéis com trechos de uma decisão da Suprema Corte dos EUA de 2008 sobre pornografia infantil.
A nomeação de Demna é a mais recente tentativa da Kering de reverter o desempenho de sua principal marca, a Gucci, que representa cerca de metade da receita total do grupo, mas tem sofrido com a queda nas vendas devido à demanda enfraquecida no mercado chinês, um dos mais importantes para o setor.
A Kering foi fundada em 1963 por François Pinault como Pinault-Printemps-Redoute (PPR). Em 2013 foi renomeada como Kering. Controla marcas como Gucci, Saint Laurent, Bottega Veneta, Balenciaga, Alexander McQueen, Brioni, Boucheron, Pomellato, DoDo, Qeelin, Ginori 1735, Kering Eyewear e Kering Beauté.
Queda nas vendas
No exercício fiscal de 2024 ela faturou cerca de € 17,2 bilhões (R$ 108,7 bilhões). Sua principal marca é a Gucci, que faturou € 7,65 bilhões (R$ 48,3 bilhões) em 2024.
As vendas da Gucci despencaram 24% no quarto trimestre, totalizando € 1,92 bilhão (R$ 12,1 bilhões), segundo dados da Kering divulgados em fevereiro. No mesmo período, a receita total do grupo caiu 12%.
A Kering confirmou que Demna assumirá o cargo em julho de 2025. Havia especulações de que a empresa poderia buscar um nome de fora para revitalizar a Gucci, depois que o estilo maximalista da marca saiu de moda em meio a uma mudança da indústria para o chamado “luxo silencioso”.
Em uma nota publicada na quinta-feira, analistas do Jefferies afirmaram que a empresa agora precisará agir rapidamente para renovar o apelo da Gucci no mundo da moda.
“Ainda assim, como Demna só assumirá em julho, não está claro se sua marca já será visível no desfile da Gucci na Semana de Moda de Milão, em setembro, ou se teremos que esperar até 2026”, escreveram.
