
A perspectiva de Wall Street sobre a redução do balanço patrimonial do Federal Reserve está mais uma vez em fluxo, com vários bancos e instituições prevendo agora uma boa chance de o banco central dos Estados Unidos desacelerar ou pausar o processo na reunião desta semana.
O encontro de dois dias termina na quarta-feira, com pouca expectativa de mudança na taxa de juros, mas com indicações de que as autoridades estão cada vez mais preocupadas com o fato de que seu aperto quantitativo possa causar problemas nos mercados, enquanto o Departamento do Tesouro enfrenta restrições para gerir as finanças do governo sob o teto da dívida federal.
“Acreditamos que o Fed optará por uma desaceleração” no ritmo de venda dos Treasuries que detém, disseram analistas da Evercore ISI. “O Fed pode anunciar essa mudança na reunião de março para se antecipar a reuniões potencialmente complicadas sobre juros em maio e junho.
O Bank of America, por sua vez, afirmou que, em uma reunião definida pelo aumento da incerteza, em grande parte decorrente da onda de anúncios de tarifas pelo governo do presidente Donald Trump, “o aperto quantitativo provavelmente será pausado”.
Já analistas do Goldman Sachs disseram que a declaração do Comitê Federal de Mercado Aberto “provavelmente anunciará uma pausa no aperto quantitativo a partir de abril, e esperamos uma orientação futura indicando que o aperto deverá ser retomado assim que a questão do teto da dívida for resolvido e a composição do passivo do balanço patrimonial se normalizar”
Entretanto, a expectativa de uma pausa não é universal.
“Também não prevemos mudanças significativas” no esforço de aperto neste momento, disse a TD Securities.
A incerteza em torno do aperto quantitativo – em andamento há mais de dois anos – segue a ata da reunião de janeiro do Fed, que observou que os esforços do Tesouro para administrar o caixa durante um impasse sobre o aumento do limite para empréstimos federais provavelmente causarão grandes oscilações na liquidez do mercado monetário.
Isso provavelmente dificultará a mensuração do impacto que o aperto quantitativo pode ter sobre a situação.
Para pagar as contas enquanto os empréstimos estão atualmente limitados, o Tesouro está sacando recursos de sua conta no Fed, adicionando liquidez ao sistema financeiro. Quando o limite for eventualmente elevado, ele reconstruirá essa conta, retirando a liquidez. Essa dinâmica dificulta a obtenção de um controle claro sobre a quantidade de liquidez no sistema.
A ata sugeriu que a pausa ou a interrupção temporária do saque forneceria ao Fed espaço para fazer um balanço da situação e retomar o aperto quantitativo.
Além da ata, que disse que “vários” membros estavam abertos a uma desaceleração ou pausa no aperto quantitativo, as autoridades do Fed não ofereceram muita orientação.
Em uma entrevista no mês passado, uma das mais novas integrantes do Fed, a presidente do Fed de Cleveland, Beth Hammack, disse que sua preferência seria que o aperto quantitativo prosseguisse no ritmo atual e que quaisquer problemas de liquidez que surgissem após a resolução do teto da dívida poderiam ser tratados com operações temporárias.
Enquanto isso, a presidente do Fed de Dallas, Lorie Logan, que já implementou operações de política monetária no Fed de Nova York, no mês passado pareceu se inclinar contra qualquer pausa no processo, ao mesmo tempo em que sugeriu uma abertura para uma desaceleração.
O Fed está tentando retirar liquidez suficiente para manter o controle da taxa de juros e permitir a volatilidade normal do mercado monetário. Os comentários das autoridades do Fed têm sinalizado que, até o momento, ainda há muita liquidez para ser retirada e que, se tudo estiver em ordem, o aperto quantitativo ainda tem espaço para funcionar.