
O grupo de moda de luxo Prada anunciou nesta quinta-feira (10) que chegou a um acordo com a Capri Holdings para adquirir a marca Versace, em uma transação avaliada em US$ 1,38 bilhão (R$ 7,86 bilhões). Informações anteriores indicam que as duas marcas italianas enfrentaram dificuldades para concluir o negócio, em meio à instabilidade nos mercados provocada pelas tarifas comerciais do presidente Donald Trump.
A Prada informou que irá financiar a compra da Versace, aprovada pelos conselhos das duas empresas, com cerca de US$ 1,6 bilhão (R$ 9,12 bilhões) em novos empréstimos, após já ter tomado mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,7 bilhões) em dívidas. A expectativa é que a transação seja concluída na segunda metade do ano, ainda sujeita à aprovação de órgãos reguladores.
Fundada em 1978 por Gianni Versace, a Versace foi adquirida pela Capri Holdings — então conhecida como Michael Kors — por US$ 2,1 bilhões (R$ 11,97 bilhões) em 2018. O acordo foi fechado sob a liderança de Donatella Versace, que assumiu o cargo de diretora criativa da marca após a morte de seu irmão Gianni, em 1997.
Especulações sobre uma nova venda da Versace circularam nos últimos meses, especialmente depois que Donatella Versace, de 69 anos, anunciou sua saída do cargo no mês passado. A Capri chegou a pedir mais de US$ 3 bilhões (R$ 17,1 bilhões) pela marca antes de a saída de Donatella impactar as negociações, segundo o Financial Times. A empresa também prevê uma queda de US$ 810 milhões (R$ 4,62 bilhões) em sua receita no atual ano fiscal, em comparação aos US$ 1 bilhão (R$ 5,7 bilhões) registrados em 2024.
Tarifas pressionam
O acordo entre Prada e Versace quase foi inviabilizado depois que Trump anunciou tarifas comerciais de retaliação contra parceiros dos Estados Unidos. Isso obrigou empresas a lidarem com custos mais altos na aquisição de matérias-primas, enquanto cresciam os temores de uma recessão, segundo o Wall Street Journal.
O valor de mercado da Capri Holdings, empresa-mãe da Versace com sede em Nova York, chegou a cair para US$ 1,5 bilhão (R$ 8,55 bilhões) em meio à histórica queda das bolsas americanas provocada pelas tarifas. A Prada, então, negociou a redução do preço da aquisição da Versace, de US$ 1,6 bilhão (R$ 9,12 bilhões) para pouco menos de US$ 1,4 bilhão (R$ 7,98 bilhões), segundo fontes com conhecimento direto das negociações, ouvidas pelo Financial Times.
A Capri tenta vender seus negócios há anos: um acordo de US$ 8,5 bilhões (R$ 48,45 bilhões) para ser adquirida pela Tapestry, dona da Coach, fracassou em 2024, depois que a Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês) argumentou com sucesso que a transação “reduziria substancialmente a concorrência” entre as fabricantes de bolsas de luxo.