
Bill Gates acusou Elon Musk de “matar as crianças mais pobres do mundo”, após o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês) de Musk ter encerrado, no início deste ano, as atividades da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
Em fevereiro, o CEO da Tesla declarou que estava “na hora da [USAID] morrer” e o DOGE colocou todos os funcionários da agência em licença administrativa, além de interromper suas atividades no mundo todo. Um juiz decidiu, em março, restaurar a funcionalidade da USAID enquanto prossegue o processo judicial sobre o fechamento da agência.
O fundador da Microsoft criticou o papel de Musk nesse encerramento, dizendo que “gostaria muito que ele fosse conhecer as crianças que agora foram infectadas com HIV, porque ele cortou aquele financiamento”. Gates completou: “A imagem do homem mais rico do mundo matando as crianças mais pobres do mundo não é algo bonito.”
Gates também afirmou que sua Fundação Gates, criada em 2000, encerrará as operações até 2045. Além disso, a instituição declarou que US$ 200 bilhões (R$1,12 trilhão) serão gastos nas próximas duas décadas. Em comunicado, o fundador da Microsoft declarou que pretende “doar praticamente toda a minha fortuna” por meio da Fundação Gates até a data de encerramento, afirmando que seu patrimônio líquido — estimado pela Forbes em quase US$ 113 bilhões (R$ 636,3 bilhões) — deve “cair 99%”.
Aos 69 anos, ele e sua então esposa Melinda Gates, de 60, haviam planejado encerrar a fundação pelo menos 20 anos após a morte de ambos, segundo informou a organização. No entanto, o bilionário afirmou que “começou a repensar essa abordagem” há alguns anos e agora acredita que os objetivos da fundação podem ser alcançados “em um prazo mais curto”, caso os investimentos sejam dobrados.
Durante os 20 anos restantes da fundação, Gates disse que espera evitar a morte de recém-nascidos, crianças e mães por causas evitáveis, reduzir a pobreza e erradicar doenças como poliomielite, malária e sarampo. Ainda neste ano, a Fundação Gates pretende doar US$ 9 bilhões (R$50,7 bilhões) — o maior orçamento anual segundo ela.
A Fundação Gates
A Fundação Gates foi fundada por Bill Gates e Melinda Gates em 2000, e o bilionário Warren Buffett se juntou como curador em 2006. A organização concentrou seus recursos em iniciativas globais de saúde pública, como o Fundo Global de Combate à AIDS, Tuberculose e Malária, além de grupos de vacinas como a Gavi e a Vaccine Alliance.
Recentemente, a instituição passou por mudanças na liderança nos últimos anos: Melinda deixou a fundação em 2024 para criar sua própria entidade filantrópica, enquanto Buffett — que doou cerca de US$ 36 bilhões (R$ 202,9 bilhões) — saiu do grupo em 2022 e planeja doar o restante de sua fortuna a um fundo de caridade.
O CEO da Fundação Gates, Mark Suzman, pediu no ano passado que os mais ricos do mundo aumentem suas doações, argumentando que o número de pessoas vivendo em pobreza extrema aumentou nos anos após a pandemia. Suzman escreveu, ainda neste ano, que a ajuda internacional “despencou” nos últimos tempos. De acordo com Gates, durante seus primeiros 25 anos, a Fundação Gates doou um total US$ 100 bilhões (R$ 564 bilhões).
“Quando eu morrer, muita coisa será dita sobre mim, mas estou determinado a garantir que ‘ele morreu rico’ não será uma delas”, escreveu Gates, acrescentando: “há problemas urgentes demais para resolver para que eu continue retendo recursos que poderiam ser usados para ajudar outras pessoas.”