
O BNP Paribas elevou suas projeções para o crescimento da economia brasileira em 0,3 ponto percentual tanto para 2025 quanto para 2026.
De acordo com relatório divulgado pelo banco, a expectativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano agora é de 2,4%, devido a efeitos de carregamento do desempenho de 2024 e a um mercado de trabalho ainda robusto e aumento da renda real.
Para 2026, a projeção subiu a 1,3%, com expectativa de aumento do salário mínimo em torno de 8% e com recentes anúncios do governo dando mais suporte ao consumo do que o esperado antes, o banco cita o crédito consignado e o projeto do governo que amplia a isenção do IR para quem tem renda de até R$ 5 mil por mês.
“Essa taxa ainda está abaixo do potencial (acredita-se que ela seria de perto mas abaixo de 2%) e é uma desaceleração significativa em relação aos últimos anos, devido principalmente ao aperto monetário pelo Banco Central, mas ainda não o suficiente para garantir a convergência para a meta de inflação de 3% antes de 2027”, apontou o relatório, prevendo a taxa básica de juros Selic em 15% ao final deste ano.
Na semana passada, o BC desacelerou o ciclo de alta de juros ao elevar a Selic em 0,50 ponto percentual, a 14,75% ao ano, e deixou em aberto o que fará na reunião de junho, apontando uma dependência de dados e indicando a necessidade de uma dose alta de juros por período prolongado.
TARIFAS
Em um estudo sobre o impacto das tarifas dos Estados Unidos, o BNP aponta que o Brasil pode se beneficiar do cenário principalmente pelo seu relacionamento com a China, seu maior parceiro comercial.
Segundo o banco, a China pode buscar substituir algumas das commodities dos EUA comprando-as do Brasil, mas ao mesmo tempo alerta para a possibilidade de que esse aumento da demanda possa elevar os preços domésticos em alguns segmentos, num momento em que a inflação já é uma preocupação.
O Brasil também pode se tornar, avalia o BNP, um dos destinatários das exportações chinesas de bens intermediários e finais que iriam para os EUA, “importando” assim uma deflação da China, efeito que pode ser contido se o governo ceder a pressões da indústria doméstica para a imposição de proteções contra um fluxo grande de produtos chineses.
Na segunda-feira, os EUA e a China concordaram em reduzir as tarifas sobre as importações um do outro por 90 dias, com os EUA reduzindo suas taxas sobre produtos chineses de 145% para 30% e a China cortando as tarifas sobre as importações dos EUA de 125% para 10%.
Depois disso, instituições financeiras reduziram suas previsões de recessão para os Estados Unidos.
No estudo, o BNP avalia que, em um cenário de recessão dos EUA, o crescimento do Brasil seria de 2,0% em 2025 e de 0,8% em 2026. Em um cenário de estagflação, as estimativas ficariam em 2,3% e 1,1% respectivamente.