
Warren Buffett é reconhecido mundialmente por sua vocação para os negócios. Desde 1964, o bilionário comanda a Berkshire Hathaway que era uma empresa têxtil e passou a ser a holding mais valiosa do mundo entre as que não atuam em tecnologia e petróleo. O retorno do conglomerado é estimado em 5.500.000% ao longo de sua trajetória de 60 anos. Para se ter ideia, no mesmo período, o índice S&P 500 avançou 39.054%. Atualmente, o valor de mercado da Berkshire é de US$ 1,2 trilhão (R$ 6,852 trilhões).
Uma lenda viva do mercado financeiro, o Oráculo de Omaha (como ficou conhecido) anunciou aos 94 anos que irá se aposentar do comando da companhia que o transformou em um dos homens mais ricos do mundo. A declaração repercutiu entre CEOs de diversos setores e, claro, no mercado financeiro.
Sucesso inigualável
O sucesso da Berkshire é fruto do bom faro de Buffett para empresas capazes de gerar valor no longo prazo quando os seus papéis ainda não refletem o preço de seu potencial futuro.
Em seu portfólio, a Berkshire tem ferrovias, postos de gasolina, concessionárias, construtoras entre outros, somando 180 empresas, com uma receita anual de US$ 400 bilhões (R$ 2,284 trilhões). Neste primeiro trimestre, a holding acumulou US$ 347,7 bilhões (R$ 1,2 trilhão) em volume de caixa. A empresa tem também sua estratégia baseada em um grupo restrito de ações de empresas consolidadas, como Apple, American Express, Coca-Cola e Bank of America. Além disso, possui 5% dos títulos do Tesouro americano.
A história de Buffett é uma inspiração para várias pessoas e apesar de ser recheada de acertos, também teve seus erros, confira quais foram eles.
Para chegar ao topo, Buffett deu tacadas certeiras. Em 1988, o CEO do conglomerado resolveu investir na Coca-Cola. Na época, aos seus acionistas, Buffett comunicou em sua carta anual: “quando possuímos negócios excepcionais, com boa gestão, o nosso período favorito de retenção é para sempre”. E, assim, os papéis da marca de refrigerantes foram mantidos.
Em 2024, a participação da Berkshire na Coca-Cola era cerca de US$ 25 bilhões (R$ 142,75 bilhões), além disso, em quase 40 anos, a marca de bebidas rendeu ao conglomerado em torno de US$ 770 milhões (R$ 4,396 bilhões).
Nem só vitórias
American Express, Apple e Coca-Cola são apenas alguns exemplos de investimentos de sucesso da Berkshire. Só que nem sempre foi assim. Inicialmente, Buffett apostava em empresas cujas ações eram mais baratas. A virada de chave foi graças a Charlie Munger, sócio de Buffett, que o incentivou a mudar isso, buscando papéis de qualidade a preços justos.
Ainda assim, houve margem para equívocos, como o ocorrido com o Salomon Brothers. Em 1987, a Berkshire adquiriu as ações preferenciais do banco, em uma época em que ele ainda figurava como uma das principais instituições de Wall Street. Tudo ia bem, até que um escândalo envolvendo um leilão de títulos do Tesouro americano desestabilizou a instituição.
Buffett chegou a assumir o controle da empresa para tentar reverter a crise, mas foi insuficiente. Em 1997, o banco foi vendido para o Travelers Group que, mais tarde, se tornaria o Citigroup. Com a movimentação, a Berkshire recuperou o seu investimento, mas o caso tornou-se um exemplo negativo na história da holding.
“Consigo lidar com más notícias, mas não gosto de enfrentá-las depois que já se agravaram”, escreveu Buffett em sua carta de 2010 aos acionistas da Berkshire. “A relutância em encarar imediatamente más notícias foi o que transformou um problema na Salomon, que poderia ter sido resolvido com facilidade, em algo que quase causou a falência de uma empresa com 8 mil funcionários.”
Também na década de 1980, outra empresa machucou a reputação inabalável de Buffett: a USAir: A Berkshire comprou quase 10% da companhia e desembolsou US$ 358 milhões, mas pouco anos depois já acumulava uma perda de 75% do valor investido.
Buffett se desculpou pela operação e disse ter subestimado questões regulamentares e o seu impacto na indústria aérea dos EUA. De 1990 a 1994, o prejuízo da empresa foi de US$ 2,4 bilhões.
Um outro arrependimento público do Oráculo de Omaha foi não ter vendido a frágil operação têxtil da Berkshire Hathaway na década de 1960, por ter recebido uma oferta por ação apenas alguns centavos abaixo do inicialmente esperado.
A decisão custou cerca de 25% de todo o capital da Buffett Partnership. Apesar da falta de resultados e da operação deficitária, a venda da subsidiária só foi feita em 1985.