“O olhar do belo é o que te pega”, sintetiza Andrea Veiga Pereira sobre seu amor pela arte, um caso muito sério desenvolvido a partir dos anos 1990. Hoje, ela e o marido, José Olympio Pereira – profissional de destaque no mercado financeiro – possuem uma prestigiosa coleção de arte brasileira contemporânea que é um verdadeiro sucesso. Tanto, que a partir 2018 o acervo que reúne nomes como Jorge Guinle Filho, Waltercio Caldas, Leonilson e Adriana Varejão, entre outros grandes, foi devidamente instalado em um galpão, na Vila Leopoldina, em São Paulo, para ser visto mediante indicação e hora marcada.
A ideia é que, a cada dois anos, a mostra seja reconfigurada através de diferentes curadorias. “É como ter um novo olhar dentro da nossa visão como colecionadores”, explica Andrea informando que depois da mostra inaugural, com curadoria de Paulo Miyada, o espaço agora apresenta a curadoria de Júlia Rebouças – com passagens pelo Instituo Inhotim e a Bienal de São Paulo, em 2016. Entretanto, as visitas se encontram suspensas no momento, devido à pandemia de Covid-19.
Enquanto espera pela volta das atividades do galpão, Andrea fala com entusiasmo do espaço escolhido para abrigar a coleção: “Está situado em uma área próxima do Ceagesp, totalmente fora do circuito das galerias, mais cheio de história”. Um antigo depósito de café, datado do final do século XIX, o prédio conserva a arquitetura original. “Foi uma maneira de guardar a coleção e, ao mesmo tempo poder apreciá-la, porque antes muitas das obras nós tínhamos visto uma única vez”, conta.
Carioca, formada em administração de empresas com especialidade em marketing, Andrea lembra que o colecionismo entrou em sua vida aos poucos. Primeiro foram pequenos leilões frequentados no Rio de Janeiro, em seguida, quando o casal se transferiu para São Paulo: “A vida melhorou e o programa nos fins de semana era visitar galerias. Raquel Arnaud, Luisa Strina e Marco Antônio Villaça (hoje Fortes Villaça)”. Segundo ela, cada visita era uma verdadeira aula.
Até hoje as aquisições obedecem uma regra de ouro: “Comprar apenas aquilo que realmente gostamos”. E nem sempre os dois concordaram na hora da escolha. “A gente briga, sim”, revela Andrea. “Cheguei a dizer vários ‘nãos’, alguns que hoje me arrependo”, assume e ensina que o critério “gosto não gosto” não funciona em termos de arte contemporânea. “Arte é algo tão vivo que modifica o seu olhar cada vez que você vê uma mesma obra”.
Uma das coisas que lhe dá maior prazer como colecionadora é ver a evolução no trabalho de um artista. E, depois de 30 anos no métier, ela está feliz em dizer que a arte contemporânea brasileira vai muito bem, obrigada. “O mundo respeita os nossos artistas”, afirma.
Mas nem só de arte vive essa mulher de sucesso que, durante quarentena, passou a cozinhar e criou uma marca gastronômica própria, a Chez Moi by Andrea Pereira. A quarentena começou exatamente quando ela se preparava para se formar no conceituado Cordon Bleu. Substituiu as aulas por jantares preparados para a família: “Engordei todo mundo”, diverte-se. Agora, devidamente formada, define sua cuisine como “caseira mas com um toque francês de sofisticação”.
Além disso, é presidente da Américas Amigas, ONG de direitos humanos destinada a diminuir o número de mortes de mulheres por câncer de mama no Brasil. “Fornecemos mamógrafos, exames de mamografia e biópsias para mulheres em situação de vulnerabilidade social. Depois de 10 anos, já alcançamos um milhão de mulheres em todo o país”, diz orgulhosa.
Arte, gastronomia e solidariedade. Precisa mais?
A seguir, Andrea Veiga Pereira, #MulherdeSucessoResponde:
Donata Meirelles: Qual seu maior exemplo de mulher de sucesso?
Andrea Veiga Pereira: Ruth Ginsburg, juíza da suprema corte norte-americana. Estudou na Universidade Cornell e, depois de casada e mãe, entrou para a Harvard.
Uma das pouquíssimas mulheres na época a estudar em Harvard. Defendeu causas importantes ligadas às mulheres e contra discriminação de gênero. Uma frase dela que gosto muito: “Lute pelas coisas de que gosta, mas faça isso de uma forma que leve outras pessoas a se juntarem a você.”
DM: Qual a sua ideia de felicidade no trabalho?
AP: O trabalho deve ser, sobretudo, prazeroso. Para se jogar de cabeça, com vontade de aprender com os erros e se sentir realizada nos acertos. Minha felicidade no trabalho é fazer o que eu amo, onde minha paixão está em primeiro lugar. É o que me conduz. “Escolhe um trabalho de que gostes e não terás que trabalhar nenhum dia da tua vida”. Confúcio (551 a.C. – 479 a.C.)
DM: Eu achava que sucesso era… e descobri que é…
AP: Pensava que o sucesso era medido pelo quanto uma pessoa faturava com seu trabalho. Mas é muito mais profundo que isso. Não é preciso necessariamente ter um salário para estar realizado ou se sentir gratificado. Aprendi isso trabalhando no terceiro setor. Um “obrigada” vale muito mais.
DM: Depois da pandemia qual será a mudança mais significativa na sua área de atuação profissional?
AP: Meu negócio, o Chez Moi, surgiu com a pandemia. Um delivery de comida preparada com o afeto “de casa”, algo muito importante que tivemos que resgatar. Nesses dias aprendemos muito sobre relacionamentos, sobre afeto, sobre cultivar as relações mais íntimas. É isso que quero estimular com uma boa refeição ao lado das pessoas que amamos.
DM: Se você pudesse escolher um superpoder, qual seria?
AP: Viajar pelo tempo. Adoraria conhecer momentos na história que ouço falar, leio, vejo em filmes mas não tenho a dimensão do que realmente foi.
DM: Que tipo de hábito ou exercício você recomenda para desligar ou aliviar sua mente?
AP: Cozinhar realmente é algo que me faz muito bem, me relaxa, me desliga totalmente.
DM: Qual mensagem você gostaria de deixar para as próximas gerações?
AP: Pense mais no que você quer para você e menos no que o outro quer para você.
Com Mario Mendes e Antonia Petta
Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.
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