Há um ano a consultora e curadora de moda e estilo, Donata Meirelles, incluiu mais uma atividade em sua bem sucedida e invejável trajetória profissional. Uma das mais influentes vozes do circuito fashion internacional, ela criou e assina a coluna “A Mulher de Sucesso” para a Forbes Brasil. Como para ela Zona de Conforto é um séjour em Trancoso ou St. Barth, Donata não brinca em serviço e decidiu ir além dos seus domínios fazendo do novo espaço – mensalmente no impresso e semanalmente online – uma plataforma de visibilidade da presença feminina marcante nas mais diversas áreas. “Quando a coluna estreou, a pandemia nos colocou de quarentena e eu senti que não era o momento de falar de moda, estilo, viagens e outros prazeres que a gente adora”, justifica. Por isso, com leveza, bom humor e charme, A Mulher de Sucesso apresenta mulheres que fazem acontecer nos negócios, nas artes, na educação, no empreendedorismo, na justiça, na mídia, nas redes sociais e, claro, na moda e no estilo. Em comum, todas “inspiram outras mulheres e, sobretudo, têm um propósito de vida”, resume Donata.
Assim, este ano a edição especial da Forbes, no Mês Internacional da Mulher, traz as 20 Mulheres de Sucesso de 2021, contando com a colaboração de Donata Meirelles na edição final das escolhidas. “As brasileiras de sucesso são um sucesso”, avisa Donata que lança, no final de abril, a “Forbes Life Fashion”, uma edição especial da revista dedicada à moda e lifestyle, sob sua curadoria.
A seguir, uma conversa com a colunista sobre trabalho, empoderamento, relacionamento, família, aquela canção do Caetano e o encontro com Nelson Mandela para falar de amor.
Mario Mendes: Em 2020 você estreou como colunista na Forbes Brasil. Como você se vê hoje nesse novo papel?
Donata Meirelles: Quando o Antonio Camarotti (publisher e CEO da Forbes Brasil) me convidou para fazer uma coluna, a ideia era focar em moda e lifestyle, os assuntos com os quais eu convivo e trabalho há 30 anos, minha expertise. Porém, eu queria fazer uma coisa diferente. Como em 2010 eu conheci a Women in the World Foundation (criada pela escritora e jornalista inglesa Tina Brown, para discutir e buscar soluções para as questões femininas) e sempre estive voltada para esse tema, pensei em outro formato para a coluna. Acredito que nós mulheres devemos nos unir, ocupar posições de liderança em todos os setores da sociedade e promover o empoderamento feminino. Assim nasceu a coluna A Mulher de Sucesso. Tive total apoio do Camarotti, que é uma pessoa que eu admiro muito. Ele é moderno e faz acontecer.
MM: “Mulheres de Sucesso” é o título da edição anual da Forbes dedicada às mulheres e você participou da escolha dos 20 nomes das perfiladas na revista. Ou seja, a coluna é um sucesso, não?
DM: As brasileiras de sucesso é que são um sucesso. O Camarotti decidiu chamar a edição de “Mulheres de Sucesso” e me convidou para ajudar na escolha das personalidades. Foi ótimo colaborar com a redação nesta edição especial, mas foi difícil resumir tudo em apenas 20 nomes. Cada um fez a sua lista, levando em conta mulheres que promoveram importantes transformações em suas áreas no ano de 2020. Mas houve uma unanimidade, Djamila Ribeiro, que acabou sendo capa. Gosto muito do livro “Lugar de Fala” e ela realmente vem deixando sua marca em uma geração através de ideias e textos, que são incríveis.
MM: Qual o critério usado para escolher as personagens da sua coluna?
DM: São mulheres que se destacam em suas áreas, inspiram outras mulheres e, sobretudo, têm um propósito de vida.
MM: Quando você sentiu que a coluna estava crescendo e mandando um recado?
DM: Quando comecei a receber mensagens de mulheres do Brasil inteiro, muitas com sugestões de nomes para serem entrevistadas na coluna. Fiquei surpresa com a quantidade de comentários nas redes sociais. A partir daí tive a oportunidade de apresentar o trabalho de estilistas, empresárias, executivas, médicas, curadoras de arte, terapeutas… Laudomia Pucci, CEO da marca italiana Pucci; Arianna Huffington, CEO da plataforma digital Thrive e a empresária Luiza Trajano foram algumas delas. Na coluna impressa, dedico um espaço para ações de mulheres no terceiro setor.
MM: Que idade você tinha quando entrou na boutique Daslu?
DM: Dezoito anos e trabalhei lá durante 23. A Daslu era dirigida pela Eliana Tranchesi (empresária, 1955-2012), que fez do negócio um case internacional, e além de mim, que já era executiva aos 24 anos, havia outras mulheres em altos cargos. No auge, a Daslu chegou a ter mais de 800 funcionários, a maioria mulheres.
MM: Mesmo exercendo cargo de comando, você nunca aumenta o tom de voz ou perde a paciência com ninguém em qualquer situação. Por quê?
DM: Porque grito não resolve nada. Liderança é formar uma equipe competente e saber escutar. Eu gosto de conversar com as pessoas, olhar nos olhos e escutar o que elas têm a dizer.
MM: Você e Nizan Guanaes formam um casal de sucesso. Qual a fórmula?
DM: Estamos casados há mais de 20 anos e em um relacionamento o importante é saber dividir, trocar. Um precisa dar força para o outro. Nizan e eu enfrentamos várias mudanças, sempre juntos e levantando a bola um para o outro. Aliás, em casa, Nizan, Antonio, Helena, Zeca e eu somos muito unidos, trabalhamos juntos e aprendemos juntos.
MM: Como vai a mulher brasileira hoje: mais longe ou mais perto dosucesso?
DM: Acredito que a brasileira tem conseguido ocupar espaços que antes eram negados a ela. E não falo apenas da minha classe social, que é muito privilegiada. Vejo as mulheres brasileiras em geral conseguindo ter voz e serem ouvidas. O caminho ainda é muito longo, mas estamos em processo de transformação. Claro que existem os preconceitos do tipo “ah, é mulher, não vai dar conta”, ou “ah, mas mulher tem filho…”. Sempre digo: mulher é tão forte que Deus a escolheu para ter filhos. Toda mulher é capaz de sustentar a família e mantê-la unida. A mulher realmente é um sucesso.
MM: Agora o momento #MulherdeSucessoResponde: Um sucesso da parada.
DM: “Leãozinho”, a música do Caetano que eu amo e canto muito.
MM: Um sucesso de bilheteria.
DM: A Netflix, onde vi muitos filmes e séries durante este ano de pandemia. Acabei de ver “Faz de Conta Que Nova York é Uma Cidade”, documentário do Martin Scorcese com a escritora Fran Lebowitz.
MM: Um best-seller?
DM: Estou lendo “Celebrando a Vida – Encontrando a Felicidade em Lugares Inesperados”, do rabino Lord Jonathan Sacks.
MM: Para quem você daria um Oscar?
DM: Para o Edu Lyra, do projeto social Gerando Falcões. Oscar de melhor roteiro, sem dúvida.
MM: E um Nobel da Paz?
DM: Ah, mais um Nobel para o Nelson Mandela, que tive o prazer de conhecer. Durante a Copa do Mundo na África do Sul, Nizan e eu recebemos um convite da mulher dele, Graça Machel. Anos antes, nós havíamos recebido o filho dela, Malengane Machel, para o Carnaval aqui no Brasil e ela queria nos conhecer. Quando chegamos, só ouvimos a voz dela pedindo que a esperássemos na sala. E quem estava na sala, sentado na poltrona, lendo jornal? O próprio Nelson Mandela. Eu fiquei sem fala. Então, ele perguntou como a gente havia se conhecido. Aí ficamos um tempo conversando com ele, sobre o amor. Um dos momentos mais emocionantes da minha vida.
MM: O que é sucesso em 2021?
DM: Aprender e se reinventar.
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