Iona Szkurnik chegou a Stanford, acompanhada do marido, dois filhos e de dez anos de bagagem em educação no currículo com um objetivo. Ela queria unir sua experiência em educação, que enxerga como um propósito, à tecnologia disponível no lugar onde nascem algumas das principais startups do mundo. “Eu procurei um curso que trouxesse exatamente esse apelo, de tecnologia voltada para aprendizagem. Seria uma maneira de levar educação a mais gente”, diz, sobre o programa de mestrado em Stanford que a ajudou a colocar de pé a Education Journey, uma edtech que desenha jornadas de conhecimento para empresas brasileiras e seus funcionários.
No mês passado, a startup fechou um contrato com a Ambev, uma das empresas de seu portfólio de clientes, para fornecer quatro mil cursos que atendem funcionários de todas as áreas com temas como marketing, tecnologia, gestão de dados e soft skills. “Funcionários da fábrica tiveram acesso a essa oportunidade de educação, algo que nunca tinham experimentado.”
Quando fundou a empresa no Vale do Silício, há dois anos, a ideia era justamente usar tecnologia para democratizar a educação. “Eu cresci no Rio de Janeiro, com o incômodo de ver a desigualdade social e seus efeitos de perto”, diz a empreendedora. Durante o mestrado, ela foi contemplada com uma bolsa da Fundação Lemann, que premia brasileiros em áreas diversas. “Até então, essa bolsa ia para pesquisadores. Eu fui a primeira a usar para empreender.”
XP e Descomplica são parceiros
A ideia de Szkurnik foi usar as trilhas de conhecimento já criadas por outras edtechs e fazer uma espécie de curadoria de educação corporativa para brasileiros. “Descobri que as empresas nos Estados Unidos investem sete vezes mais por ano por pessoa do que no Brasil”, diz. Segundo Iona, enquanto nos EUA gasta-se US$ 1.300 (R$ 7 mil) por funcionário, aqui esse gasto é de US$ 150 (R$ 808) com cada funcionário.
A startup tem hoje oito mil acessos à sua plataforma e mil usuários ativos.
Para atender a demanda, XP Educação, Trillia e Descomplica são algumas das parcerias que estabeleceu. “Tudo é educação. Porque se a gente quiser dar mais oportunidades para as pessoas, elas têm que estar preparadas.”
A startup foi eleita por dois anos consecutivos uma das três edtechs mais promissoras do setor de early stage pelo prêmio do GSV (Global Silicon Valley).
Mulher no Vale do Silício
No Vale do Silício, Iona faz parte do grupo de brasileiros que fundou a Brazil at Silicon Valley, movimento liderado por estudantes de Stanford e Berkeley que promove conferências para conectar brasileiros a profissionais de inovação e tecnologia do mundo todo. A empreendedora foi a única mulher co-fundadora e a única no conselho. “Quando fizemos uma reunião e percebi que só tinha eu de mulher, fiz de tudo para mudar esse cenário”, diz a fundadora da edtech, que conseguiu dobrar o número de mulheres convidadas para a conferência BSV e levou outras duas mulheres para o conselho. “Tenho um grande propósito que é segurar a porta para que uma mulher passe. Se cada uma fizer isso, a gente vai ter uma rede infinita de mulheres entrando.”
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