Maya Gabeira está se recuperando de uma maratona de trabalho. O documentário “Maya and the Wave”, de Stephanie Johnes, sobre sua vida e trajetória, que levou dez anos para ficar pronto, acaba de estrear no país, no Festival do Rio. “Fui para a estreia mundial no festival de Toronto, onde vi o filme pela primeira vez, sentada ao lado da diretora, que se transformou em uma das minhas melhores amigas”, conta. O filme retrata a aventura de Maya e as conquistas no surfe de ondas gigantes, apesar do ambiente machista e hostil a brasileiros que enfrentou no esporte. E, claro, na ligação de tudo isso com o sério acidente que sofreu em 2013, durante um campeonato, em que ficou 10 minutos embaixo d’água.
Depois do Canadá, a surfista e recordista mundial de ondas gigantes pegou o avião para Nova York, onde participou da reunião do board da Ong Oceana, do qual faz parte, para decidir as ações de proteção ao oceano para 2023. A viagem aos Estados Unidos serviu também para uma visita à editora, que está cuidando de seus dois próximos livros (a esportista lançou o título infantil “Maya and the Beast” no primeiro semestre): um segundo título infantil e um juvenil, sobre sua vida. E, ao final, participou da conferência da ONU com uma fala sobre saúde mental. Tudo isso ao mesmo tempo em que prepara o lançamento de sua marca de filtros solares naturais, a Blue Aya, que tem sua mãe, Yamê Reis, como CEO e aliada da empreitada.
Depois dessa maratona, foram oito dias de cama com gripe e a expectativa de voltar ao mar o quanto antes. “Eu não tenho nenhum problema em passar frio e treinar por horas seguidas, isso nunca me deixa doente”, diz Maya. “Hoje foi um dos ‘piores’ mares e mesmo assim eu sou muito feliz”, diz ela, sobre as ondas em Nazaré, Portugal, onde mora.
Encarar uma onde gigante não é problema para ela, mas equilibrar todas essas funções vem sendo desafiador. “Empreeender é meu maior desafio. Sou perfeccionista e levo muito tempo planejando. Se você viu alguma coisa que fiz, é porque me dediquei por muito tempo .”
A nova linha de protetores solares usa ingredientes naturais como urucum, café verde e água de coco, e levou mais de dois anos para ser desenvolvida. “O produto vem numa embalagem de alumínio recém-desenvolvida porque não tem como ser de plástico e não poluir”, explica.
O produto predileto da surfista leva algas marinhas colhidas por uma comunidade de mulheres do litoral norte de São Paulo. “Queria algo inofensivo para a vida marinha, que não prejudicasse os corais ou o meio ambiente, que fosse bom para quem usa e com produção sustentável.”