Rajia Abdelaziz havia acabado de sair de um evento com amigas e estava indo para casa quando uma SUV se aproximou. “Um grupo de homens começou a fazer comentários inapropriados a mim”, ela relembra. “Quando um deles começou a sair do veículo, comecei a correr.” Ela conseguiu entrar no seu carro, trancou as portas e dirigiu para casa, tremendo. “Eu fiquei extremamente abalada”, ela diz. “Me dei conta que, como mulheres, precisamos nos proteger e que eu precisava fazer algo para ajudar com isso.”
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Como um instrumento de segurança, o celular nem sempre está ao alcance em um momento de emergência. Pode estar inacessível em uma bolsa ou cair embaixo do banco do carro em um acidente. Então Abdelaziz começou a pesquisar o mercado. Não encontrou nada que pudesse estar acessível a todo momento, então sentou com seu melhor amigo – Ray Hamilton, que agora é a seu parceiro de negócios – e desenhou uma peça de tecnologia que permite pedir ajuda e emitir alertas de localização a contatos de emergência com um duplo clique. E a melhor parte é que essa peça se parece mais como um pingente de colar do que um botão de emergência.
Joias, chaveiros e bandanas como dispositivos de segurança
Dois anos depois, os dois colocaram o produto no mercado com o nome Invisawear, em que a empreendedora usou seus conhecimentos como engenheira elétrica para ajudar uma de cada cinco mulheres que serão assediadas pelo menos uma vez na vida.
A dupla trabalhou duro para transformar a ideia em realidade. Os obstáculos enfrentados foram muitos, especialmente como uma jovem empreendedora tentando conseguir investimento. No fim, superaram a meta inicial de US$ 150 mil (R$ 802 mil), conseguindo aportes financeiros de milhões de dólares.
Nos cinco anos desde o lançamento da empresa, a oferta de produtos expandiu de uma coleção de joias de ouro e ródio para acessórios de cabelo, chaveiros e bandanas. Alguns produtos também estão disponíveis em versões genderless. “Ingenuamente, nós acreditávamos que segurança era uma forte preocupação somente para mulheres. Apesar dessa questão ser uma prioridade para elas, homens também têm seus medos.”
Os acessórios são estilosos e funcionais, enquanto as joias da marca são planejadas para terem um apelo amplo e atemporal. “Tivemos muitos pedidos e, frequentemente, vemos avós comprando nossos produtos para suas filhas e netas”, diz Abdelaziz. Todas as peças são usadas no corpo e estão quase sempre estão acessíveis. Elas incluem um botão de pânico que pode ser programado para enviar localizações de GPS para os serviços de segurança, mensagem de texto pré-programada para até cinco contatos de emergência e ligação para a polícia através do sistema de segurança ADT.
“O ADT tem o tempo mais rápido de resposta das autoridades e protege mais de um milhão de casas, então nos conectamos para trabalhar juntos, tivemos algumas excelentes ideias”, diz a empreendedora. A parceria da Invisawear com o ADT também dá acesso à transmissão de vídeo, ativação por voz e aulas de defesa pessoal como maneiras de equipar as pessoas a protegerem a si mesmas. A companhia recentemente anunciou uma parceria com um provedor de segurança canadense na expectativa de expandir o negócio pela Europa e pelo Oriente Médio.
Preocupação crescente com segurança
O sucesso de seus produtos prova a crescente preocupação com a segurança das mulheres. Em face de um aumento da violência contra a mulher – 65% das mulheres disseram já ter sido assediadas nas ruas, contra 25% dos homens –, Invisawear é uma inovação tecnológica capaz de ter um impacto concreto nas vidas das pessoas.
“Um dos melhores momentos da minha vida foi quando um dos nossos produtos salvou a vida de alguém”, Abdelaziz conta. “Uma jovem mulher tinha se ferido gravemente em um acidente de carro e o chaveiro salvou sua vida. Seu pai conseguiu chegar até ela e esperar a ambulância. Ninguém sabe quanto tempo duraria para alguém encontrá-la se não fosse por isso.”
Em três anos de vendas, mais de 700 mil produtos da Invisawear já foram vendidos no mercado norte-americano, contribuindo para tornar a segurança uma prioridade. Uma colaboração da empresa com a Beverly Carter Foundation produziu o chaveiro Beverly, que teve 20% dos lucros das vendas revertidas à organização. A companhia também apoiou a RAIN, o Trevor Project e a Stronger Cities como parte do comprometimento das fundadoras com a segurança das mulheres.
Outras empresas de joias de segurança têm surgido no mercado nos últimos três anos – incluindo a Flare, que vende uma elegantes abotoaduras e pulseiras de pingentes, e a Nimb, que vende um anel futurístico que funciona por meio de um aplicativo para fazer ligações de emergência. As companhias oferecem produtos com diferentes desenhos e estilos, tendo apenas algumas divergências de funcionalidades.
É um triste indício da vida moderna que esses produtos existem, mas Abdelaziz planeja continuar lançando essas discretas peças de segurança. “Estou, antes de tudo, em uma missão para eliminar o assédio sexual. A esperança é que, um dia, produtos como esses sejam suficientes para impedir que essas violências aconteçam.”