A jornalista Glória Maria morreu hoje (2) no Rio de Janeiro, após batalhar por três anos contra o câncer. “É com muita tristeza que anunciamos a morte de nossa colega, a jornalista Glória Maria”, informou a TV Globo, em nota.
A personalidade ícone da televisão brasileira foi diagnosticada com câncer de pulmão em 2019, que foi tratado com sucesso na época. Pouco tempo depois, Maria constatou uma metástase no cérebro, que também havia sido tratada de forma bem-sucedida, de acordo com o texto divulgado pela Globo.
“Em meados do ano passado, Glória Maria começou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias, e Glória morreu esta manhã, no Hospital Copa Star, na Zona Sul do Rio.”
Maria deixa duas filhas, Laura Matta da Silva e Maria Matta da Silva.
Carreira de pioneirismo
A icônica jornalista construiu sua carreira exclusivamente na Globo, onde entrou em 1970, como estagiária. Depois de aparecer na TV pela primeira vez em 1971, noticiando a queda de um viaduto no Rio de Janeiro, Glória foi pioneira diversas vezes ao apresentar programas importantes e entrevistar grandes personalidades na maior emissora do país.
Foi a primeira jornalista a entrar ao vivo no Jornal Nacional em cores, em 1977, e abriu espaço para mulheres e negros ao cobrir a Guerra das Malvinas, em 1982, as Olimpíadas de Atlanta, em 1996, e a Copa do Mundo na França, 1998.
Glória Maria esteve à frente do Fantástico entre 1998 e 2007 e do Globo Repórter, além de ter sido âncora do RJ TV, Bom Dia Rio e Jornal Hoje.
Sua profissão a fez conhecer e entrevistar celebridades internacionais como Michael Jackson, Leonardo Di Caprio e Madonna. E a levou a mais de 100 países e experiências exóticas, como uma travessia de um balão para outro e um voo da Nasa para experimentar a gravidade zero. Em 2016, Glória virou meme ao andar de montanha-russa e fumar maconha na Jamaica, em uma reportagem que mostrava um ritual local.
Mas apesar de ter conquistado um lugar de prestígio diante das câmeras, sua vida e carreira não deixaram de ser atravessadas pelo racismo. “Racismo é algo que vivi desde sempre e a gente vai aprendendo a se defender”, disse em entrevista ao Globo Repórter em junho de 2020.
Glória se tornou inspiração para mulheres negras e profissionais do jornalismo, que lamentaram sua morte. Em entrevista à rádio CBN, Maju Coutinho chorou ao falar da importância de Glória Maria para ela e outras colegas. “A partir desse corpo ocupando espaço na televisão, isso abre uma porta que dá autorização para o sonho se tornar realidade”, disse Coutinho.