Um estudo da KPMG mostra que 75% das executivas de todos os setores já experimentaram a síndrome do impostor em suas carreiras, que é um sentimento de inadequação e insegurança que as faz duvidar continuamente se são qualificadas o suficiente para o trabalho.
Apesar de terem educação, certificações e treinamento, é difícil se sentirem confortáveis com quem são e verem seu valor. Assim, essas pessoas tendem a trabalhar longas horas para tentar provar a si mesmos, têm medo de fazer perguntas ou pedir ajuda e podem evitar falar ou pedir trabalhos desafiadores. Também têm mais ansiedade, estresse e esgotamento, e passam mais tempo tentando se concentrar em um projeto desafiador porque sua conversa interna é tão negativa que os prejudica.
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Embora existam fatores pessoais que tornam algumas pessoas mais propensas a sofrer da síndrome do impostor, como ser maltratado em casa em comparação com outros irmãos, há muitos outros aspectos do local de trabalho que contribuem para aumentar a síndrome do impostor:
* A falta de modelos ou pessoas que se pareçam com você, compartilhem sua experiência e sejam bem-sucedidas em seu campo podem fazê-la sentir que não pertence ou nunca será boa o suficiente. Por exemplo, ver mais homens em funções gerenciais pode levá-la a pensar que será mais difícil se tornar uma gerente.
* Comentários racistas e sexistas de como as mulheres não são boas líderes por serem muito emocionais; as mulheres não são boas em matemática ou ciências.
* Não ter um gerente de desempenho que a apoie, alguém que entenda como ela se sente e tome medidas para que se sinta melhor. Por exemplo, um gerente de suporte fornece feedback frequente e oferece oportunidades para mostrar sua experiência.
* Não ser recompensada de forma justa. As estatísticas mostram uma diferença salarial significativa entre homens e mulheres em cargos semelhantes. Por exemplo, em 2022, as mulheres ganhavam, em média, 82% do que os homens ganhavam, de acordo com uma nova análise do Pew Research Center sobre os ganhos médios, por hora, de trabalhadores em período integral e meio período.
* A falta de confiança alimentada por fatores pessoais ou experiências anteriores em outros locais de trabalho que não validavam suas habilidades.
Surpreendentemente, a pesquisa não mostra que a síndrome do impostor é mais significativa nas mulheres do que nos homens, mas sugere que ela se manifesta de maneiras diferentes. Os homens tendem a ter um desempenho inferior, evitando metas desafiadoras e feedback, enquanto as mulheres se desafiam ainda mais para provar seu valor, mas nunca se livram do estresse e da ansiedade, mesmo quando apresentam o desempenho esperado.
Primeiros passos para lidar com a síndrome do impostor
As pessoas com síndrome do impostor geralmente são as mais brilhantes no local de trabalho. Mas elas precisam de alguém para validar suas habilidades. Se você é um deles, comece com estas etapas para chegar onde deseja mais rápido:
1 – Identifique essa conversa interna negativa e procure os fatos para desafiar seu pensamento. Generalizar como “eu nunca consigo” ou “todo mundo sempre consegue” torna mais difícil ver um futuro positivo. Procure uma perspectiva mais realista, verifique seus pensamentos e tome medidas.
2 – Lembre-se de suas conquistas. Comemore-as quando vierem e as mantenha em sua cabeça quando as dúvidas surgirem. Identifique, todos os dias, pelo menos uma pequena vitória, para ajudá-la a permanecer positiva. Use notas adesivas ou lembretes para manter essas vitórias atualizadas. Você também pode obter alguns posts inspiradores para download online. O lembrete mais importante é que você não precisa dessa validação externa, valide-se.
3 – Consiga um mentor ou alguém que lhe dê suporte no trabalho: quando seu gerente não o apoia o suficiente, você pode procurar outro mentor da empresa. Obtenha ajuda de alguém que considera mais parecido com você, que pode entender como se sente e que a ajuda a se sentir mais confiante em seu caminho atual.
Se você acha difícil conseguir o que deseja, não se sabote levando para o lado pessoal. Em vez disso, procure ajuda, dentro ou fora da empresa, e identifique o que está ao seu alcance mudar.
* Luciana Paulise é colaboradora da Forbes EUA, coach e autora do livro We Culture. É engenheira de qualidade, agile coach, scrum master e master em design thinking. (tradução V.Ondei)