Quando escurece, as luzes da casa de Paola Campanari são reduzidas e mudam de tom para criar um ambiente aconchegante. Outras, do lado de fora, se acendem. Se ela estiver fora, a TV se conecta ao DogTV para que seu cachorro, Odin, fique tranquilo na ausência da dona. E uma musiquinha tranquila começa a tocar para criar a “cena” noturna, como chama esse momento. O ar-condicionado muda de temperatura por controle de voz. E, na ”cena” da manhã, sua assistente de voz começa a contar a previsão do tempo. “Sou ligada em tecnologia, mas não tinha nada disso até o ano passado”, conta.
A mudança veio em abril deste ano, quando Campanari assumiu a diretoria da unidade de negócios de casa inteligente da Vivo, posto criado recentemente na empresa, que vem se organizando para ganhar uma parcela do mercado de automação residencial. Até 2025, essa área deve representar um total de R$16 bilhões no país. No mundo, o valor atual é de R$ 450 bilhões e são 400 milhões de casas conectadas com algum tipo de dispositivo smart home.
Dentro da Vivo, é uma unidade com grandes expectativas de crescimento nos próximos anos, o que vem dando visibilidade à carreira da executiva, que compara a área a uma startup, onde as decisões precisam ser rápidas e as movimentações idem. “Encaro como uma conquista: uma mulher de mais de 50 anos assumir uma área importante e inovadora que precisa ganhar escala rapidamente”, diz Campanari.
A Vivo hoje tem 5 milhões de clientes com serviço de internet via fibra, potenciais clientes para sua nova unidade de negócios.
Depois de uma trajetória que inclui uma década na Samsung, passagem pela Cyrela e um tempo como consultora independente, ela sabia o que fazer para ganhar a nova vaga. “Eu fui promotora de vendas no começo de carreira, eu sei que ir até as lojas pode trazer muitas informações”, diz, relembrando o tempo de faculdade, quando trabalhou nas Casas Bahia ajudando a vender geladeiras. “Visitei lojas, fiquei ouvindo o que os clientes queriam.”
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Além dessa pesquisa in loco, Paola também foi atrás de informações do mercado. Levantou estudos, conversou com gente que entendia mais do que ela, tentou estabelecer ligações com outras áreas da companhia. Desde 2019 na empresa, ela antes ocupava o posto de head de marketing da área de B2B para telefonia móvel. “Eu sou uma agente da mudança. Quando soube que esse posto seria criado, fui estudar como funcionava esse mercado porque queria fazer parte.”
Apoio a empreendedores pretos
Ser uma agente de mudança não envolve só a atuação diretamente ligada aos negócios. Há alguns meses, durante um bate-papo do comitê de diversidade da empresa com a participação de Nina Silva, líder do movimento Black Money, Campanari escreveu uma provocação no chat, chamando outras pessoas a pensar em estratégias que beneficiassem empreendedores negros. “Ao final da conversa, chamei as pessoas que curtiram meu comentário e começamos a pensar em um projeto”, diz. O resultado do comentário – e das curtidas – é o projeto lançado há um mês, de facilitação de crédito para esses empreendedores, que costumam ter mais dificuldades do que pessoas brancas para conseguir apoio financeiro.
O projeto com o Black Money mostra um pouco da maneira com que Paola Campanari costuma trabalhar, se envolvendo em diversas frentes. No cargo anterior, a executiva chegou a escrever uma parte do roteiro da novela Pantanal, já que a Vivo era um dos anunciantes e queria promover seu nome entre os empreendedores do agronegócio. Mas como fazer merchandising de uma empresa de telefonia em uma novela que se passava entre pastos e cavalos, na beira de um rio? “Sugeri que Jovi [personagem de Jesuíta Barbosa] precisasse procurar um boi perdido e, para isso, usaria um drone como apoio na busca”, diz. E assim foi o merchandising da empresa em uma das novelas de maior sucesso da TV nos últimos anos.
Nova fase da carreira
Sua atuação dentro da Vivo veio em uma fase em que Campanari conta que, finalmente, conseguiu se expressar com integridade na vida e no trabalho. O processo de entrevistas para entrada na Vivo serve como exemplo. “Eu recebi diversos convites para voltar ao mundo corporativo, mas não estava disposta a ter que fingir algo que não era. Sempre fui aquela pessoa que buscava terapias e autoconhecimento, tenho meus gurus, aplicava reiki… Isso não era bem visto num mundo onde todo mundo tem que agir de maneira convencional”.
Deixou a carreira corporativa depois de passar por dois burnouts e enfrentar um câncer agressivo. “Eu repensei muita coisa, repensei meu modo de viver e o que era importante”, diz, até receber ligações de headhunters interessados em seu perfil. Durante o processo de recrutamento, resolveu ser sincerona. “Eu dizia tudo o que eu pensava, sem me preocupar com as consequências. E não é que me escolheram?”.
A jornada de Paola Campanari
Primeiro cargo de liderança
“Na Whirlpool aos 30 anos, como líder de squad de inovação.”
Turning point da carreira
“Mentorias e especializações em grandes escolas, como Stanford, Harvard e Singularity USA. Com isso, subi para posições de destaque e com desafios maiores. Como posição : ajudar a estruturar o marketing corporativo e branding de Samsung no Brasil.”
Quem te ajudou
“Tive mentoria do diretor Carlos Werner, na época da Samsung, e da esposa dele, Clementina Ferreira, gestora de investimentos, além de incríveis executivas como Fiama Zarife, Aline Messias e Fátima Pissarra.”
O que ainda quero fazer
“Liderar frentes de negócios inovadores.”
Causas que abraço
“Apóio o G10 favelas há anos e a Nação Valquirias. Faço parte de rodas de diversidade na Vivo, em assuntos como raça, gênero e etarismo. E também sobre saúde mental e equilíbrio, além de fazer o onboarding de estagiários e trainees da empresa.”
Formação
Graduação em marketing e comunicação na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) e mestrado em gestão de marca, marketing e branding na Business School São Paulo.
Outras executivas que contaram suas histórias em Minha Jornada
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Divulgação/Sympla Tereza Santos, CEO da Sympla
“Empresa cresceu quase 5 vezes sob minha liderança”Em 2021, a então diretora de operações aceitou o convite do cofundador e CEO da Sympla Rodrigo Cartacho para assumir seu cargo. Hoje, Santos está à frente de 250 colaboradores e cerca de 30 mil eventos simultâneos à venda na plataforma.
Leia a história completa aqui.
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Divulgação/Amazon Elis Rodrigues, CFO da Amazon no Brasil
Elis Rodrigues vem de uma família humilde, estudou em escola pública a vida toda e teve sua vida transformada pela educação. Hoje, a CFO da Amazon é conhecida por sua risada alta. Mas essa abertura toda nem sempre existiu. Como profissional de finanças, quase sempre rodeada de homens, queria passar despercebida.
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Divulgação Isabel del Priore, CEO da Animale
“Fui convidada pelo dono para assumir papel que era dele”Roberto Jatahy, fundador e CEO do Grupo Soma, chamou a executiva que fez carreira na área de moda e trabalhou com grifes internacionais para fazer parte do grupo de gestores que está levando a empresa a ocupar um espaço entre as maiores do mercado de moda brasileira.
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Ângela Assis, presidente da Brasilprev
“Assumi no meio de uma crise”Quando Ângela Assis deixou a cadeira de diretora de marketing da Brasilprev para assumir a presidência da seguradora, em novembro de 2020, ela encontrou, como gosta de dizer, ” a tempestade perfeita” no cenário econômico. O foco foi em manter as pessoas calmas e, em seu primeiro ano de atuação, o lucro líquido pulou de R$ 885 milhões para R$ 970 milhões.
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Maurino Borges Cíntia Barcelos, CTO do Bradesco
Ainda criança, quando ia à feira com seu pai, Cíntia Barcelos impressionava os feirantes ao fazer contas de cabeça. Cíntia seguiu o conselho do pai e buscou a independência financeira. Se formou em engenharia eletrônica, com uma única colega mulher em sua classe, e, hoje, é líder de tecnologia do Bradesco, um dos maiores bancos do Brasil. “Nunca tentei parecer homem para me encaixar no meio. Eu sempre fui quem eu sou.”
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Tereza Santos, CEO da Sympla
“Empresa cresceu quase 5 vezes sob minha liderança”
Em 2021, a então diretora de operações aceitou o convite do cofundador e CEO da Sympla Rodrigo Cartacho para assumir seu cargo. Hoje, Santos está à frente de 250 colaboradores e cerca de 30 mil eventos simultâneos à venda na plataforma.
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